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Se hoje os festivais de música mais parecem shopping centers e parques de diversão com artistas se apresentando em imensas praças de alimentação – nos quais a música propriamente tornou-se um detalhe soterrado entre luzes, fogos de artifício, brinquedos e vasta distribuição de brindes -, houve um passado recente em que um festival era um acontecimento histórico, capaz de interferir na cultura e até mesmo na política de um país.
Foi assim com o festival de ‘Newport’ desde 1954, com o festival de ‘Monterey’, em 1967, com ‘Reading Festival’, na Inglaterra, com o festival da ‘Ilha de Wight’, ‘Woodstock’, os festivais de ‘Águas Claras’ e o ‘Hollywood Rock’, no Brasil – e também foi assim com o ‘Rock in Rio’. Sua primeira edição, em 1985, transformou o cenário de shows brasileiro, revolucionou a cena musical da época e até mesmo ajudou a debater e transformar o cenário político de então – e completou 35 anos esse ano.
A Cidade do Rock em 1985, durante o show da Blitz
A primeira edição do ‘Rock in Rio’ aconteceu entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985 de forma ininterrupta – em todos os dias aconteciam shows no festival. Ainda que tivesse no Queen seu artista principal, a verdade é que não se passou um dia sem que uma apresentação histórica acontecesse. No Brasil de meados dos anos 1980, um show de um grande artista internacional era uma absoluta raridade, e subitamente eles apareceram em dezenas pelas terras brasileiras – mais precisamente na Cidade do Rock, construída para o festival, ocupando um espaço de 250 mil metros quadrados no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Programação oficial do festival
Além do Queen, nomes gringos como Iron Maiden, Whitesnake, George Benson, James Taylor, Al Jarreau, Rod Stewart, Nina Hagen, AC/DC/, Scorpions, Ozzy Osbourne, Yes e The B-52’s se juntaram ao melhor da música brasileira de então – representada por Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Elba Ramalho, Alceu Valença, Rita Lee, Moraes Moreira, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Baby Consuelo e Pepeu Gomes – para formarem um dos maiores e melhores festivais em todos os tempos.
E como se não bastasse, o ‘Rock in Rio I’ ainda catapultou a carreira de bandas então surgentes, transformando pra sempre o cenário musical nacional da época – e tornando o rock elemento central das rádios e dos padrões de sucesso do período, com shows como Blitz, Lulu Santos, Os Paralamas do Sucesso, Eduardo Dusek, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens e Barão Vermelho.
Rita Lee com o óculos especial do festival
O festival foi uma aposta de 11 milhões de dólares realizada por Roberto Medina, seu idealizador, que colocou o prédio de sua empresa como garantia para a maioria dos artistas internacionais, que então não sabiam (ou confiavam) em uma praça incipiente e desconhecida como o era o Brasil. Depois que 1 milhão e 380 mil espectadores passaram pela Cidade do Rock durante os 10 dias de ‘Rock in Rio’, a aposta se mostrou bem feita – Medina foi o grande vencedor, e o festival segue até hoje como um grande sucesso comercial.
Acima, a entrada do Rock in Rio I; abaixo, Dé, Cazuza e Frejat durante show do Barão Vermelho
No meio do festival, a eleição de Tancredo Neves como o primeiro civil para presidente da república após 21 anos de ditadura militar, em 15 de janeiro, deu ao ‘Rock in Rio’ um caráter ainda mais emblemático para o período – com o show do Barão Vermelho, em especial a canção ‘Pro Dia Nascer Feliz‘ tornando-se efetivamente um símbolo do início da redemocratização brasileira.
Além do show liderado por Cazuza, é justo apontar que o momento mais icônico da primeira edição do RIR – e possivelmente um dos momentos mais inesquecíveis de todos os festivais em todos os tempos – foi o show do Queen.
Freddie Mercury regendo a platéia durante “Love of my Life”
A presença da maior banda do mundo já era o suficiente para marcar o festival. A mágica aconteceu, porem, especialmente na canção ‘Love Of My Life‘, quando o público cantou a plenos pulmões a tocante canção de amor, sendo regido por Freddie Mercury como um perfeito maestro para um coro de nada menos que 300 mil pessoas.
Mas o festival teve diversos momentos curiosos e impressionantes em sua concepção e durante os dias em que o ‘Rock in Rio I’ aconteceu.
Curiosidades da primeira edição do ‘Rock in Rio’:
A edição seguinte do festival aconteceria somente em 1991, e migraria da Cidade do Rock para o Estádio do Maracanã. Para o Rock in Rio 3 a Cidade do Rock foi reconstruída – e o ‘Rock in Rio’ passaria a ser uma atração bienal fixa do Rio de Janeiro a partir de 2011.
O festival também passaria a acontecer em Lisboa, em Madrid, em Las Vegas e, a partir de 2021, também no Chile. As três primeiras edições em especial se caracterizaram pela grande qualidade no line-up e pela comoção causada na cidade pelo acontecimento – mas nenhum outro festival no Brasil foi tão icônico e inesquecível quanto o primeiro ‘Rock in Rio’, que efetivamente colocou o país no mapa dos maiores artistas do mundo, e tornou-se até mesmo símbolo da redemocratização: de um novo Brasil que, sonhava-se, parecia que poderia nascer a partir das melhores bandas e artistas de cá e do mundo.
Os Paralamas do Sucesso
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