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Quando a jovem Greta Thunberg, de 16 anos, decidiu faltar à aula para protestar contra as recentes ondas de calor e incêndios que afetaram a Suécia, seu país natal, seus pais, Malena Ernman e Svante Thunberg, apoiaram a decisão da filha de se sentar em frente ao Parlamento com um cartaz com os dizeres “em greve escolar pelo clima”.
Mas, quando o protesto inspirou jovens de todo o mundo a criarem suas próprias mobilizações, fazendo com que Greta se tornasse um símbolo dos movimentos, Svante ficou com o pé atrás. Em entrevista à BBC, pelo programa de rádio “Today”, ele disse que não achava “favorável” à filha faltar aulas em nome da greve escolar pelo clima.
Ainda assim, a garota seguiu o seu instinto para o ativismo e acompanhar a jornada da filha fez com que o pai mudasse de ideia. Segundo ele, Greta está muito mais feliz desde que passou a militar em nome de questões ambientais — embora ele se preocupe com o “ódio” que ela enfrenta por parte de algumas pessoas.
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Segundo Svante, Greta lutou contra a depressão por “três ou quatro anos” antes de começar a greve na escola. Parte da condição de saúde mental estava relacionada ao seu diagnóstico de síndrome de Asperger, uma forma de autismo. “Ela parou de falar, parou de ir à escola. Meu pior pesadelo foi quando ela passou a se recusar a comer”, relembrou na entrevista.
Para ajudar na recuperação da filha, Thunberg passou mais tempo em casa com ela e sua irmã mais nova, Beata. A mãe de Greta fez o mesmo, cancelando contratos que tinha como cantora de ópera para que toda a família pudesse ficar unida.
Greta e a família / Reprodução
As mudanças climáticas já eram um assunto de interesse por parte de Greta. Neste período de família reunida, eles passaram a pesquisar juntos sobre o problema, mantendo a filha distraída da depressão e ao mesmo tempo motivada.
Svante contou ainda que Greta influenciou a família a adotar hábitos mais sustentáveis — sua mãe, por exemplo, opta por não viajar de avião, enquanto seu pai se tornou vegano.
Ele também acompanhou a filha em suas viagens a bordo de um veleiro sustentável para participar das cúpulas climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos EUA, e em Madri, na Espanha. “Fiz todas essas coisas, sabia que eram as coisas certas a fazer… Mas não fiz para salvar o clima, fiz para salvar minha filha”, diz.
A carreira de Greta no ativismo está só começando mas, assim como o reconhecimento – ela foi eleita a pessoa do ano segundo a Revista Time – também tem recebido represálias, como a de Bolsonaro. O presidente do Brasil não é o primeiro a atacar adolescente e, curiosamente ou não, a maioria das críticas direcionadas a ela partem de homens adultos – o que levou as jornalistas Amanda Pinheiro e Renata Izaal a falarem com uma educadora e uma psicanalista a respeito, para uma coluna d’O Globo.
Elas observaram que a garota tem sido ofendida por sua militância, por ser uma menina e, sobretudo, por ser diagnosticada com a síndrome de Asperger, que a enquadra dentro do espectro do autismo.
Em tom condescende e irônico, Donald Trump disse que Greta é “uma feliz menina jovem com um futuro brilhante e maravilhoso pela frente”, em resposta ao seu discurso na ONU, que conteve palavras diretas a políticos americanos e falas que viralizaram como: “Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias”. Na mesma época, o comentarista Michael Knowles, da Fox News, chamou Greta de “uma criança sueca com doença mental”.
Já Piers Morgan, comentarista do programa “Good Morning Britain” afirmou que Greta é “muito jovem e rainha do drama”. Depois dele, Jeremy Clarkson, Gustavo Negreiros e tantos outros também reclamaram sobre o posicionamento de Greta.
São tantas as agressões que, há cerca de três meses, quando estava a caminho da ONU, Greta Thunberg usou suas redes sociais para comentar os ataques: “Como vocês devem ter notado, os haters estão mais ativos do que nunca — estão atrás de mim, da minha aparência, das minhas roupas, do meu comportamento e das minhas diferenças”. Ela continuou: ser diferente não é uma doença e a ciência disponível atualmente não é mera opinião. É fato”.
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Para Luciana Brites, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e uma das fundadoras do Instituto NeuroSaber, os ataques contra Greta são misóginos – ser chamada de “louca”, “emocional demais”, “rainha do drama” e mal-humorada são ofensas às mulheres conhecidas como gaslighting. Mas ela afirma, em entrevista para O Globo, que existe um preconceito duplo: também com relação ao autismo.
No mesmo artigo, a psicanalista Anna Lementy afirma que, apesar disso, as ofensas a Greta a tornam ainda mais forte. “O esforço que os homens fazem para minimizar o discurso dela — seja pela idade, pelo diagnóstico ou pelo gênero — cai no vazio porque Greta tem um discurso muito mais potente. E esses ataques chamam muito mais atenção para isso. A maneira como ela pega o termo que foi usado para diminuí-la e coloca na bio de suas redes sociais é genial. No fim das contas, Greta é muito mais inteligente do que os homens adultos que a atacam”.
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