Mais do que uma simples denominação sobre uma região da cidade ou uma fronteira determinada em um mapa, um bairro é também um campo de relação de afeto, um universo de memórias e sentimentalidades entre o local e seus moradores. Esse é o espírito da cartografia afetiva realizada por professores e alunos da EMEF Padre José Pegoraro e o bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, onde fica localizada a escola. Com um dos piores indices de desenvolvimento da cidade, a ideia do trabalho é justamente procurar expandir e reposicionar a relação dos jovens com o bairro onde a maioria mora e estuda.
EMEF Padre José Pegoraro no bairro do Grajaú, em São Paulo
Para tal, o projeto “Um país chamado Grajaú” reune as mais diversas disciplinas escolares para o trabalho de ressignificação da relação dos estudantes com seu bairro – através de slams de poesia e trabalhos desenvolvidos em centros culturais, coletivos de grafite, grupos de preservação do meio-ambiente, espaços de educação, centros comunitários e mais.
Passeios pelo bairro e pela história da região fazem parte do trabalho de ressignificação – que inclui a imensa área verde que o bairro possui. Através dessas viagens, o projeto constrói efetivamente um novo e mais rico mapa do bairro.
O efeito da cartografia afetiva é, segundo professores, rapidamente visível: os alunos passam a se orgulhar do local onde mora, para além do que dizem as notícias de violência e pobreza constantes. Para o ano de 2020 que começa, a ideia é ampliar ainda mais o projeto – que “Um país chamado Grajaú” seja para todos os anos do fundamental II na a EMEF Padre José Pegoraro.
Escritor, jornalista e músico, doutorando em literatura pela PUC-Rio, publica artigos, ensaios e reportagens. É autor dos livros Tudo Que Não é Cavalo, Boca Aberta, Só o Sol Sabe Sair de Cena e Dólar e outros amores.
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