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Aos cinco anos, Luiz* se identifica mais com roupas e acessórios femininos. Em entrevista para a BBC Brasil, os pais dele confessaram que tiveram dificuldades para lidar com o assunto, mas optaram por respeitar as vontades do filho.
Desde 2018, eles têm permitido que o garoto usasse itens femininos nas ruas de uma pequena cidade do interior de Santa Catarina, onde moram. E, no mesmo ano, foram denunciados por meio do Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
A denúncia anônima foi de que, supostamente, Luiz estaria sendo “incentivado pelos pais e pela madrasta a usar roupas e acessórios femininos” e, por causa disso, estaria sofrendo bullying no ambiente escolar.
O caso foi levado para o Ministério Público de Santa Catarina e encaminhado para a área de Infância e Juventude da Promotoria de Justiça do município em que a família mora – os pais de Luiz foram convocados para prestar esclarecimentos sobre o caso e eles acreditam que a denúncia parte de homofobia.
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“Aquilo foi um baque muito grande para a gente. Achei um absurdo”, César*, 36 anos, pai da criança, desabafou para a BBC Brasil. Ele trabalha como Policial Civil e revelou que por causa do filho precisou rever o modo como encara questões sobre gênero. Ele inclusive parou com comportamentos homofóbicos e piadas que poderiam ofender Luiz e outras pessoas LGBTs.
A mãe de Luiz, Maria, é corretora de seguros. Ela diz que também ficou abalada com a denúncia. Ela explica que está separada de César e divide com ele a guarda do filho. Os dois estão de acordo com as escolhas de roupas e acessórios de Luiz.
O pequeno também prefere brinquedos direcionados para meninas, como a mini cozinha que ele pediu de presente do pai quando ele tinha dois anos — ele também convenceu os pais a permitirem que deixasse o cabelo crescer.
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Há dois anos, Maria e César decidiram procurar acompanhamento psicológico com o filho e chegaram à conclusão de que o garoto é uma criança transgênero — aquelas que se consideram pertencentes ao gênero oposto ao atribuído no momento do nascimento com base no órgão genital.
Por diversas vezes, Luiz pede para ser chamado de Luiza. Em outros momentos, não se importa em ser tratado no masculino no caso da reportagem da BBC Brasil, os pais pediram para que a criança seja tratada no gênero masculino, assim como estamos fazendo aqui.
De acordo com o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do ambulatório de identidade de gênero e orientação sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (USP), ressalta que os brinquedos que uma criança prefere não representam que ela é transgênero. “O que faz com que uma criança seja considerada trans é o fato de ela ser incongruente com o seu sexo de nascimento”, explicou.
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Os pais contam que decidiram procurar ajuda psicológica após diversos fatos que os levaram a questionar se o filho seria trans. “Ele dizia que não queria ter barba, nem ser um homem. Ele começou a pedir para usar roupas femininas ou adereços femininos com frequência”, lembrou César.
No futuro, pais acreditam que Luiz irá querer mudar o gênero nos documentos. Para que isso seja possível ainda na infância, é necessário que os responsáveis entrem com um pedido na Justiça. A solicitação é avaliada por um juiz, que pede um laudo sobre o caso para uma equipe de psicólogos.
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A criança também falou para a BBC Brasil e afirma ter consciência que as pessoas podem ter dificuldades para entendê-la. Neste ano, o garoto deve concretizar um desejo que tem há dois anos: usar saia no uniforme escolar.
Por aqui, estamos torcendo para que todos os sonhos do Luiz possam ser realizados – o nosso é um mundo livre de transfobia.
*Os nomes foram alterados para preservar as identidades dos pais e da criança.
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