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Rodrigo Bocardi mostrou na prática como funciona o racismo estrutural, ao vivo, na edição desta sexta (7 de fevereiro) do Bom Dia São Paulo. Enquanto o repórter Tiago Scheuer falava com um jovem negro, chamado Leonel, no metrô, o âncora mandou perguntar – por causa da camiseta – se o entrevistado era gandula, se ele pegava bolinhas de tênis no Clube Pinheiros. A resposta foi: “não. Eu sou atleta. Jogo polo aquático”.
Leonel, um rapaz negro cede entrevista pro Bom dia São Paulo.
Bocardi: “o Leonel vai pegar bolinha lá no Pinheiros?
– E eu tava achando que eram meus parceiros que pegam bolinha quando jogo tênis”
O racismo estrutural em sua face mais pura.
Imagens: TV Globo pic.twitter.com/mQpgWqtLgz
— pior do que tá fica! (@oantoniojr) February 7, 2020
A reportagem falava sobre a dificuldade enfrentada por moradores da zona leste de São Paulo para entrar nos vagões lotados da linha-3 vermelha do metrô. O jovem entrevistado contou que estava a caminho de Pinheiros, bairro nobre da cidade. Eis que Bocardi teve a ideia de perguntar se ele “pegava bolinhas de tênis” no clube frequentado pela elite paulistana. Talvez ele só tenha visto pessoas negras na função de ‘pegar bolinha de tênis’ ou como serventes, pois foi assim que ele julgou que seria a participação do jovem negro.
Scheyvuer, o repórter, não entendeu o que o âncora quis dizer. Bocardi teve que deixar mais claro que queria saber se o rapaz era gandula. Aqui pra nós, está mais do que na hora de repórteres, jornalistas e profissionais de comunicação se despirem de ideias pré-concebidas sobre sociedade para evitar que situações como estas se repitam.
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Os telespectadores do Bom Dia São Paulo’ não reagiram bem e o jornalista usou as redes para se justificar. Disse que as pessoas é que estavam vendo maldade no que ele falou.
“Hoje tudo vira motivo de grande discussão. A galera falando aqui do rapaz do clube Pinheiros. Eu só perguntei aquilo porque frequento todos os dias e jogo bola com todos aqueles garotos que usam aquela camiseta, por isso, achei que era. Não existe preconceito, não existe racismo. Quem escreve o que fala é que é”, pontuou.
Depois do programa, o apresentador usou sua conta no Twitter para uma longa justificativa que, ainda assim, não convenceu sua audiência:
1/5 – Muito triste a acusação de preconceito. Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje. Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre,(….)
— Rodrigo Bocardi (@rodrigobocardi) February 7, 2020
Seria legal viver na fantasia sem racismo de Rodrigo Bocardi, mas não deveria ser ele a julgar, de sua posição privilegiada como homem branco e em um programa ao vivo sem debates, dizer o que é ou deixa de ser racista.
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O racismo no Brasil, apesar do que acredita Bocardi e muitas pessoas, não é um problema que passou, não existe ou é esporádico – vindo de uma ou duas pessoas com má intenções. Na realidade, o racismo foi estruturado no Brasil durante e após a escravidão, de maneira que colaborou para a construção da imagem do negro como subalternos, serventes e inferiores a população branca – ou ainda, outros estereótipos, como de bandidos, vagabundos e preguiçosos.
O fenômeno é totalmente ligado ao conceito de representatividade. Isso explica muito do que a televisão reproduz – colocando sempre o branco como protagonista e em múltiplos papéis e negros nos mesmos estereótipos – e o quão impressionado se mostrou Bocardi ao descobrir que o rapaz entrevistado era um atleta profissional e não um simples empregado do clube que ele frequenta diz tudo.
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Em outro exemplo: foi o racismo estrutural que fez William Waack supor que a bagunça na rua onde ele estava fazendo transmissão ao vivo era “coisa de preto”, sem nem ter visto os responsáveis.
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