Debate

Gilberto Gil diz que ‘Deus é invenção do homem’ em papo profundo sobre a vida

18 • 02 • 2020 às 17:50
Atualizada em 18 • 02 • 2020 às 17:58
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Gilberto Gil é um dos maiores seres humanos da história do Brasil. Sua enorme contribuição para as artes brasileiras e para a cultura de nosso país é impossível de ser esquecida, e Gil até hoje mantém sua carreira ativa, fazendo shows e dialogando com as questões políticas e culturais que aparecem no nosso país.

Nessa semana, o cantor e compositor participou de um programa da GNT, o ‘Segunda Verão’. Questionado sobre sua religiosidade, a voz de ‘Andar com fé’ abriu seus pensamentos sobre a religião e sobre Deus e afirmou que, para ele, isso se trata de uma invenção humana.

Fé e religião sempre estiveram no arcabouço lírico de Gilberto Gil

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“Ninguém sabe quais são os desígnios de Deus, porque ele quer que seja assim ou porque ele quer que seja assado. Eu costumo dizer que nós é que criamos isso; Deus é uma invenção do homem. A crença geral é que é o oposto, que o homem é que foi criado por Deus”, afirmou.

Ao longo de sua discografia, Gil sempre abordou temas religiosos em suas composições. É natural também observar influência da musicalidade de religiões de matriz africanas no Samba, e, por consequência na música de Gil e tantos outros da MPB. Porém isso não significa que o ícone da Bahia se mantenha em uma religião específica.

“A religião no modo geral, a crença não só em uma transcendência, de uma possível vida depois desta, mas também à regência feita por essa instância superior, normatizando procedimentos e comportamentos, é uma coisa que as religiões adotam e isso acaba, na maioria dos casos, levando as pessoas a uma adoção de uma maneira de ser relativa àqueles preceitos e mandamentos de Deus.”, continuou.

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Envolvido em política desde sempre, sendo exilado na ditadura e Ministro da Cultura, em 2003, Gil é conhecido por ser amplamente filosófico, desde suas falas até suas letras. E nesse papo, o ícone disse que sua principal religião é a ‘bondade’.

“Mas, por um respeito cultural, um respeito cívico e resíduo natural, continuo dizendo ‘Graças a Deus’ e ‘Deus lhe proteja’ para as pessoas. Eu gosto de todos aqueles que têm fé, que acreditam e que estão ligados a religiões que, em sua maioria, têm relações com o bem fazer e o bem querer. Eu gosto da bondade e defendo. Até brigo por ela”, completou.

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Para quem quiser ouvir um pouco do trabalho mais espiritual da carreira de Gil, vale ouvir ‘Filhos de Gandhi’ de 1975, em parceira com Jorge Ben, homenageando um dos principais afoxés da Bahia:

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Fotos: © Getty Images


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