Ciência

Lesma rosa florescente encontrada apenas na Austrália sobrevive aos incêndios

03 • 02 • 2020 às 18:46 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Ainda que a chuva e a queda na temperatura tenha reduzido os incêndios que ardem pela Austrália desde setembro de 2019, cerca de 50 focos ainda resistem e ameaçam crescer e novamente se espalhar com eventuais ondas de calor que se aproximam. Estima-se que mais de 10 milhões de hectares tenham sido queimados, com cerca de um bilhão de animais mortos ou afetados pelo fogo – com espécies possivelmente chegando à extinção. Uma das mais singulares e exóticas espécies locais, porém, conseguiu resistir ao incêndio, escondendo-se entre as frestas das pedras onde vivem: a Triboniophorus aff. graeffei, mais conhecida simplesmente como lesma rosa fluorescente.

Descoberta somente em 2013, a lesma rosa australiana tem em seu apelido sua descrição literal: sua coloração impressiona pelo rosa intenso e quase ameaçador que tinge seu corpo. Curiosamente o único local onde ela é encontrada no mundo é no topo do Monte Kaputar, no estado de New South Wales, na costa oeste da Austrália. A descoberta recente de cerca de 60 exemplares da lesma confirma que elas sobreviveram aos incêndios que tanto afetaram a região por cerca de seis semanas.

Acima, o Monte Kaputar

Formada por um extinto vulcão, a montanha é o lar de mais de 20 espécies de lesma que não são encontradas em nenhum outro local do planeta. Ainda que diversos exemplares de diversas espécies tenham sobrevivido se escondendo por entre as pedras, estima-se que 90% da população de lesmas tenham sido morta pelo fogo.

Especialistas garantem que as espécies irão sobreviver, mas a recuperação poderá levar até 20 anos. “As lesmas e caramujos são a fundação de todos os ecossistemas”, diz o cientista Frank Köhler, do Australian Museum, lembrando que estes são alimentos para muitos mamíferos e pássaros. “As espécies não existem umas sem as outras, e nós temos que tentar manter o sistema inteiro com todas as suas espécies protegido de impactos ambientais como o fogo”.

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© fotos: divulgação


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