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O primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio começou ontem com dois importantes desfiles: da querida verde-e-rosa Mangueira e da Acadêmicos do Grande Rio. Em tempos mais conservadores, o Carnaval tem se tornado um grande espaço de resistência para as culturas periféricas e marginalizadas, e as escolas de samba cariocas fizeram questão de exibir isso na Sapucaí na noite de ontem.
Ambas as escolas caminharam no tema da religião: enquanto a Mangueira reescreve a história de um Jesus de nossos tempos com o enredo ‘E a verdade vos fará livres‘, a Grande Rio fez um manifesto contra a intolerância religiosa e uma homenagem às religiões de matriz africana em uma bela homenagem ao líder religioso Joãozinho da Gomeia, um sacerdote do Candomblé brasileiro.
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Mangueira denunciou violência policial e colocou Jesus como um jovem negro na cruz novamente
Depois de ter levado o campeonato do ano passado fazendo uma forte crítica em “História Pra Ninar Gente Grande”, onde a escola revisitou e homenageou figuras históricas de resistência do nosso país, a escola apostou em um novo tema de debate para seu desfile na Avenida.
Com Evelyn Bastos, rainha da bateria, desfilando Jesus Cristo como uma mulher negra, além de Nelson Sargento como José e Alcione como Maria, a escola quis colocar um Jesus dos oprimidos dos tempos de hoje: negros, pobres, LGBTs, mulheres, enfim, os marginais. E afirmou que, segundo as histórias bíblicas, Jesus estaria do lado da defesa dessas pessoas no dia de hoje.
Evelyn Bastos não sambou na frente da bateria: a intenção era criar uma Jesus sem sexualidade e sem gênero
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Com a ala “Bandido Bom é Bandido Morto”, criticando o punitivismo que tem se espalhado nos meios institucionais do Brasil, a escola lembrou que Jesus era um ‘bandido’. Outra imagem importante do desfile foi uma representação de Cristo como um jovem negro. Hoje, 71% dos assassinados no Brasil são jovens negros.
Alcione representou Maria no desfile da Mangueira
E se alguns cristãos criticaram o estonteante desfile, autoridades religiosos defenderam a ideia da Mangueira.
“Como pastor, como ator e como discípulo de Jesus, eu vi que hoje Jesus foi honrado. Jesus é ofendido quando o povo negro é alvo de preconceito, quando uma mulher sofre violência, quando indígena corre de bala, quando o pobre é massacrado. Hoje Jesus foi celebrado com festa, com alegria, com o respeito”, comentou o Pastor Henrique Vieira ao UOL.
Grande Rio levou o Candomblé de Joãozinho da Gomeia pra Sapucaí
A Acadêmicos da Grande Rio se destacou muito no primeiro dia de desfiles. Com enredo em homenagem ao Candomblé, a marca da escola foi ‘Eu respeito seu amém, você respeita o meu axé’. Homenageando o sacerdote que já foi considerado ‘O Rei do Candomblé’, Joãozinho da Gomeia, a apresentação da escola foi estonteante.
Para quem liga muito para a parte técnica – é claro, os jurados – a Escola teve alguns problema s nas alegorias e em alguns carros, mas isso não atrapalhou a beleza do desfile, que apontou para um sério problema no nosso país hoje: a intolerância contra religiões de matriz africana. Para se ter uma ideia, o número de denúncias por ataques a centros religiosos de Candomblé e Umbanda cresceu 50% entre 2018 e 2019.
O poderoso desfile da Grande Rio marcou o primeiro dia de desfiles
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O último carro da escola, chamado de ‘O Revoar da Liberdade’, foi um aceno a um futuro onde as religiões possam coexistir em paz, sem a violência ou a intolerância. Nessa alegoria, estavam presentes vários líderes religiosos e intelectuais, como o babalaô Ivanir dos Santos e a escritora Conceição Evaristo.
“No início, a Grande Rio vinha com vários enredos afros. Estamos acostumados com isso. Sempre enredos muito lindos. E esse ano, graças a Deus nós acertamos na veia e vamos mostrar ao mundo que a intolerância não pode ter lugar. Carnaval é o momento certo de levantarmos essa bandeira”, afirmou o presidente da Grande Rio, Milton Perácio, ao Globo.
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