Arte

Muito além de ‘Parasita’: 6 filmes para entender o cinema da Coreia do Sul

12 • 02 • 2020 às 18:37
Atualizada em 12 • 02 • 2020 às 18:48
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Com todo o hype construído ao redor de ‘Parasita’filme que ganhou o prêmio de Melhor Filme no Oscar de 2020, muita gente ficou curiosa para saber mais sobre a indústria do cinema da Coreia do Sul. Obviamente, a trama de Bong Joon Ho não é a única feita nas terras do extremo oriente e muitos diretores aclamados hoje do cinema norte-americano se inspiram nas produções da península coreana para apreciar o bom cinema.

Muito além do drástico suspense de luta de classes que se amarrou na última trama de Bong, muita gente experimentou na indústria de Hallyuwood. Desde filmes de faroeste até apocalipses zumbi, o forte investimento na cultura da Coreia fez com que os diretores e roteiristas coreanos não se limitassem na criatividade. Parasita foi visto por muitas pessoas, mas isso não quer dizer que seja superior a outros filmes que surgiram do mesmo país.

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A gente resolveu fazer uma breve lista para conhecer o trabalho de outros diretores e outras histórias que foram criadas nas terras sul-coreanas. Dá uma olhada:

1 – Memórias de um assassino (2003)

‘Memórias de um Assassino’ é o segundo filme de Bong Joon Ho. Se trata de um filme policial da densidade e linguagem que posteriormente seria vista em ‘Parasita’. O longa se passa nos anos 80 e acompanha a história de dois detetives que irão buscar o assassino de uma mulher. Os que gostam de um grande plot-twist não vão se decepcionar com esse incrível roteiro de ritmo intenso que hoje é considerado um clássico do cinema sul-coreano.

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2 – Oldboy (2003)

‘Oldboy’ foi um dos primeiros filmes da Coreia do Sul que conquistaram Hollywood. A marca de Chan Wook Park foi impressa no segundo filme da Trilogia da Vingança. O filme, uma eletrizante busca pela vingança de um assassino é um dos neo-noirs mais intensos do início do século. Amplamente premiado – com Grand Prix e Palma de Ouro de Cannes, além de Leão de Ouro de Berlim -, Oldboy é considerado o divisor de águas do cinema coreano. Não a toa, um remake comandado por Spike Lee – com Josh Brolin como principal – deu com os burros n’água quando tentou transmutar a singular linguagem do filme para o público americano. Vale ver o original, claro.

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3 – Train to Busan (2016)

Essa é uma recomendação mais arriscada: ‘Train to Busan‘ (Invasão zumbi no Brasil) é umm filme de apocalipse zumbi. Dirigido por Sang-ho Yeon, o longa é uma máquina eletrizante de ação. Se o começo parece discreto, o filme se encaixa em uma grande sequência de aventura com personagens bem construídos – o que raramente acontece num filme de zumbis. Encaixado naquele estilo meio ‘Snakes on a Plane’, a trama consegue variar bem entre a narrativa bottle (se passando só dentro do trem) e o que acontece por fora em um dos melhores obras de apocalipse zumbis recentes.

4 – The Good, The Bad, The Weird (2008)

‘O bom, o mau e o estranho’ é uma incrível homenagem do diretor Kim Jee-woon à Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, estreada por Clint Eastwood. O faroeste não se passa, entretanto, no interior dos EUA, mas na Manchúria, região do extremo nordeste chinês. O filme é um experimento quase antropofágico que dá muito certo: se apropriando de elementos da cultura americana, Kim Jee-woon conseguiu criar uma narrativa intensa do começo ao fim e única para os espectadores asiáticos.

5 – Microhabitat (2017)

“Whisky e cigarros: os dois únicos jeitos de sobreviver nessa cidade” é um mote charmoso para um filme. ‘Microhabitat’ é um filme de Go-Woon Jeon que trata de uma mulher viciada em cigarros e bebida. A história de vício se torna uma jornada existencial e social. Em um certo sentido, pode-se comparar o filme com ‘Roma’, de Alfonso Cuarón. A história – que lida com temas políticos e afetivos, em especial – nos carrega para momentos incrivelmente sensíveis e absolutamente reflexivos.

6 – A ser anunciado

Sharon Coi, de 25 anos, que pretende lançar um filme

A tradutora de Bong Joon Ho nas jornadas de premiação, desde Cannes, em 2019, até o Oscar, em 2020, é Son Choi. A jovem que acompanhou a trupe de premiadíssimo filme ao longo da vitória está escrevendo um roteiro sobre premiações de cinema e busca utilizar a sua experiência ao redor do mundo para construir uma história que Bong já disse estar ansioso para ler. Ela estudou cinema na Universidade de Seul e pode fazer, quem sabe, o novo ‘Parasita’.

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Fotos: Reprodução/IMDB


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