Nesta quarta-feira (12 de fevereiro), o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, afirmou que a conversão do dólar, alta como está agora, é um bom sinal, pois quando o dólar estava próximo a R$ 1,80, as exportações caíam, mas o país tinha “todo mundo indo para Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia”.
Ele quis dizer que o dólar mais alto é o novo normal e que ver pessoas de classe média ou mais baixa viajando para a Disneylândia não seria normal.
De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, publicada logo depois da declaração do ministro, auxiliares do presidente da república, Jair Bolsonaro, disseram, em nome dele, que a frase foi considerada “terrível”.
Esta é a a segunda vez no mês que o ministro comete gafes. Há alguns dias, ele chamou os funcionários públicos de parasitas – com a reação negativa e generalizada, pediu desculpas. Sobre o que falou com relação a empregadas domésticas, ainda não se pronunciou.
A atitude de Guedes com relação a uma possível ascensão social da classe está muito ligada com a maneira com que, historicamente, a sociedade considerada de elite no Brasil tratou as empregadas domésticas.
Por muito tempo não havia ao menos uma legislação adequadaopara as empregadas domésticas e, quando isso finalmente aconteceu, a gritaria de indignação foi generalizada, diante do estabelecimento do direito profissional mínimo – tudo isso encoberto por uma manta de fala simetria e pura hipocrisia, de pessoas que colocam tais profissionais como pessoas queridas e consideradas ‘da família’, desde que não tenham direitos que as tirem do lugar de serviçais.
Na época, uma página foi criada no Facebook para que retratos desses tratos entre patrões e empregadas pudessem ser relatados. A ‘Eu Empregada Doméstica‘ até virou livro depois de reunir comentários, apontamentos e relatos que revelam situações que ilustram a desigualdade e o destrato que essa tão importante classe profissional sempre sofreu, como estes abaixo:
A maioria dos posts, expõe a maneira com que um tratamento preconceituoso, desigual e vil é aparentemente naturalizado no Brasil, como se fosse simplesmente parte de um acordo profissional.
Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.