As vezes acontece: o protagonista da novela não cai tanto no gosto do público quanto esperado e então um antagonista assume a frente da história e conquista o coração dos espectadores. Com que está no ar atualmente, no horário das 21h, na Rede Globo, a personagem secundária desbancou três destaques e todas gigantes: a Lurdes de Regina Casé, a Thelma de Adriana Esteves e a Vitória, de Taís Araújo.
Embora a principal pergunta ainda seja a que envolve a maioria das tramas da novela – “quem é o filho perdido de Regina Casé em ‘Amor de mãe’?” – é sobre Camila que os telespectadores querem saber mais, de acordo com um estudo do Google encomendado pela a coluna de Patrícia Kogut no O Globo. Mais uma prova de que a personagem de Jéssica Ellen é muito importante para o momento em que vivemos.

Mulher real
A novela tem relatado todos os tipos de maternidade e as mulheres reais por trás delas. Mas é com Camila, que agora, segundo a trama da novela, não pode mais ser mais naturalmente, que o público tem se identificado mais.
Ela é uma mulher real, sem romantização e o roteiro dado a ela a permite ser bem honesta sobre suas vivências como negra, professora, ativista e muitas outras camadas.
Uma cena de Camila viralizou nos últimos dias, por mostrá-la falando que ser mulher em seu contexto cansa sim e que nem sempre é possível ou desejável ser uma guerreira. Relembre:
Que ama e é amada
O último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010, comprova essas narrativas: mais da metade das negras não vive em união conjugal.
Comprovada pela pesquisa de Claudete Alves (publicada no livro “Virou Regra?”) a solidão da mulher negra é uma realidade em um país racista como o Brasil, que reproduz estereótipos em novelas, tendo mulheres negras sempre como amantes e/ou subordinadas. O último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010, comprova essas narrativas: mais da metade das negras não vive em união conjugal.
Nada disso quer dizer que as mulheres negras não merecem serem vistas e amadas – pelo contrário. Em “Amor de Mãe”, Danilo (Chay Suede) declarou seu amor por Camila e casou com ela mesmo contrariando o desejo de sua mãe de ter netos – e ele não faz mais do que obrigação!
A novela já exibiu o casamento do casal, com Jéssica usando um vestido feito à mão e exclusivamente para Camila, que comoveu os espectadores na web.
Para algumas pessoas, a beleza de Jéssica Ellen vestindo um modelo simples e, ao mesmo tempo sofisticado, combinado com acessórios de referência afro, despertou a vontade de casar que estava adormecida. Para outras, ela parecia mais uma “deusa africana” indo ao altar.
Representividade importa, né?
E muito bem graduada, obrigada
Mesmo que tenha sido na base de uma luta que ela mesma critica, Camila já começou a novela assim: se formando em pedagogia para depois se tornar uma excelente professora.

No Brasil que, pela primeira vez na história, tem a maioria de negros nas universidades, este fragmento da personagem de Jéssica Ellen também é bastante representativivo. Não basta somente lutar para entrar na faculdade, é preciso lutar para permanecer mesmo com dificuldades de acesso e financeiras – e ela conseguiu!