Sustentabilidade

Sanitários de água salgada podem poupar 30% da água mundial graças a bactéria do mar vermelho

10 • 02 • 2020 às 20:00 Gabriela Glette
Gabriela Glette Uma jornalista e produtora de conteúdo que mora na França. Apaixonada por viagens e inquieta por natureza, ela encontrou no nomadismo digital o segredo de sua felicidade, e transforma a saudade que sente da família e amigos em combustível para escrever suas histórias. Gabriela também é fundadora do site Quokka Mag, onde fala apenas sobre coisas boas!

Cerca de 71% da superfície da Terra é composta por água, no entanto, apenas 1% desta água é doce e acessível. Sendo assim, por que não aproveitamos melhor a água salgada? Uma equipe da Universidade King Abdullah de Ciência e Tecnologia (KAUST), localizada na Arábia Saudita, parece ter encontrado a solução. Os pesquisadores descobriram que uma bactéria tolerante ao sal cultivada no mar vermelho pode nos ajudar a poupar 30% da água mundial, se for utilizada em sanitários de água salgada.

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A bactéria remove o nitrogênio das águas residuais salgadas (esgoto), para que então elas possam ser devolvidas ao meio ambiente, podendo substituir os sanitários de água doce. A cada descarga feita em um vaso sanitário, perdemos em média 10 litros de água, o que representa cerca de 30% da demanda total de água doméstica do mundo. No entanto, o uso de água salgada pode nos ajudar a distribuir melhor os recursos do planeta.

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A prática jé é usada em Hong Kong desde meados dos anos 1950, assim como em Cingapura e Tóquio. Esta é uma maneira de preservar a água tratada para usos mais nobres e garantir a oferta para o consumo humano. Segundo Glauco Kimura, coordenador do Programa Água para a Vida da ONG WWF-Brasil: “É um absurdo ainda usarmos água limpa em descargas”.

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Depois de 3 anos de testes, a bactéria AMX11Candidatus Scalindua, mostrou-se 90% eficaz no tratamento de águas residuais. Uma solução para cidades costeiras, se levarmos em conta que a população mundial deva aumentar para 10 bilhões em 2050, deveríamos limitar o quanto antes o uso de água limpa e tratada em descargas.

O caso de Hong Kong

A prática de utilizar água salgada nas descargas começou há mais de 5 décadas, após um problema de falta d’água crônico na ilha. Hoje, mais de 90% dos habitantes de Hong Kong têm suas descargas abastecidas com água salgada e a cidade é a maior referência mundial em conservação hídrica neste quesito.

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Segundo o órgão responsável pelo abastecimento, o “uso extensivo de água do mar tem ajudado a reduzir a demanda por água potável em descargas”. Hoje, a ilha tem dois sistemas de encanamento, um para água doce e outro para a salgada e nos dá um ótimo exemplo de gerenciamento de recursos.

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Foto 1: divulgação KAUST

Fotos 2, 3 e 4: Unsplash


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