Ciência

Você não deveria confiar na sua memória sob efeito da maconha, diz pesquisa

16 • 02 • 2020 às 21:03 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Cada vez mais os preconceitos, clichês e estereótipos a respeito da maconha e de seu uso vêm sendo derrubados pela ciência e pela descriminalização. Uma das caricaturas recorrentes a respeito da cannabis, porém, parece possuir mesmo certo fundo de verdade. Uma pesquisa publicada recentemente mostra que o menor uso da maconha já pode duplicar a incidência de “falsas memórias” no usuário – na qual a recordação não condiz com os fatos ocorridos.

O estudo, realizado pelo professor de psicofarmacologia Johannes Ramaekers, da Maastricht University, na Holanda, foi realizado comparando participantes que fumaram uma dose simples e outros que aspiraram um placebo. “Estamos todos sujeitos à formação de falsas memórias, independentemente do uso da cannabis”, diz Ramaekers.

“A suscetibilidade à falsa memória, no entanto, aumenta com a maconha. Depois de fumar o usuário pode facilmente aceitar ‘falsas verdades’ como memórias verdadeiras”, afirmou o professor.

o hipocampo, destacado em vermelho

A ciência ainda não sabe exatamente os motivos de tal efeito, mas suspeita-se que a maconha ative receptores no hipocampo, espécie de central da memória localizada nos lobos temporais do cérebro, produzindo possivelmente “fragmentação do pensamento, desconexão de associações e aumento na distração”. A conclusão da pesquisa afeta não só as relações pessoais em potencial, mas também o recolhimento, por exemplo, de depoimentos e relatos por usuários ainda sob o efeito da droga.

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