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Os estragos provocados pela Covid-19 ainda são imprevisíveis. Com o fechamento de estabelecimento comerciais, shopping centers e o enclausuramento da população para se proteger do vírus que já matou quatro pessoas no Brasil, as perdas econômicas são inevitáveis.
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que ao menos 25 milhões de pessoas percam seus empregos no mundo tudo por causa do novo coronavírus. O Brasil tem, até a manhã desta quinta-feira (19), 533 infectados em 20 estados e no DF, segundo balanços das secretarias estaduais de saúde. O Minstério da Saúde fala em 428.
“No entanto, se virmos uma resposta coordenada internacionalmente, como aconteceu na crise financeira global de 2008/9, o impacto no desemprego global poderá ser significativamente menor”, afirmou a OIT.
Embora o governo federal tenha anunciado uma série de medidas para tentar evitar a catástrofe, o país está longe de seguir as recomendações da OIT. Paulo Guedes assegurou R$ 15 bilhões para socorrer os trabalhadores autônomos, que representam 38,363 milhões de pessoas, de acordo com dados do IBGE.
Paulo Guedes e Jair Bolsonaro anunciam medidas para evitar desemprego
O plano do ministro da Economia é garantir um auxílio mensal de R$ 200 para o grupo. O dinheiro será destinado aos trabalhadores informais ou sem emprego, com mais de 18 anos, membros de famílias de baixa renda segundo critérios do Cadastro Único (CadÚnico).
O governo deu ainda sinal verde para a redução dos salários e da jornada de trabalho dos que atuam no setor privado. Os planos preveem queda de até 50%, não autorizando a diminuição do salário-hora. O acordo deve ser feito individualmente entre cada pessoa.
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Não precisa ser nenhum PHD em economia para perceber que as medidas de proteção social são insuficientes, mesmo que o ministro tenha deixado de lado, por hora, o discurso das reformas. Como alguém vai abrir mão de um salário mínimo de pouco mais de R$ 1 mil, que já é insuficiente, para ganhar R$ 200 oferecidos pelo pacote de Guedes?
As ruas da sua cidade devem estar vazias por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos governos para impedir a proliferação da Covid-19.
O problema é que nem todo mundo goza do privilégio de se proteger contra uma ameaça que tirou a vida de quase 9 mil de pessoas no mundo todo. Na prateleira estão pobre e negros – quase se confundem na invisibilidade.
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Falando sobre o pacote econômico de Paulo Guedes, a jornalista de economia do jornal O Globo, Flávia Oliveira, fez alguns apontamentos importantes de como esta crise vai atingir em cheio a vida de pessoas de baixa renda. Ou seja, negras.
O Brasil terminou 2019 com 38,363 milhões de trabalhadores informais (IBGE). São empregados do setor privado e domésticas sem carteira assinada, conta própria e empregadores sem CNPJ, trabalhadores auxiliares em negócios de família. Não acessam benefícios da CLT.
— Flávia Oliveira (@flaviaol) March 18, 2020
O drama vivido por empregadas domésticas e diaristas citado pela jornalista salta aos olhos. O setor, marginalizado desde o período da escravidão, emprega 7 milhões de pessoas – maior do mundo. Deste total, diz um estudo de 2015 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que é ligado ao Ministério do Planejamento e também integra o escopo da ONU Mulheres, 3,7 milhões de empregadas domésticas são negras.
Mulheres negras são maioria das domésticas e estão ameaçadas
Para piorar o cenário, este grupo se vê agora ameaçado e na iminência de perder o emprego como bem mostrou uma reportagem do Hypeness sobre os efeitos do novo coronavírus entre os trabalhadores informais.
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Se a situação não era boa, ela se tornou ainda mais dramática com o coronavírus e a eleição de Jair Messias Bolsonaro. O militar da reserva foi o único parlamentar a votar contra a PEC das domésticas em 2013. O político tem tudo para ser o algoz da classe.
O presidente, que também é um defensor da ditadura militar, justificou a opção pelo medo do desemprego. A visão de Jair é um retrato de um país que não se livrou das amarras da escravidão e ainda acredita que uma pessoa tem a obrigação de limpar sua casa sem receber um salário digno.
“Foi para proteger. Muita gente teve de demitir porque não teria como pagar. Muitas mulheres perderam emprego pelo excesso desses direitos”, disse o então deputado federal.
Jair Bolsonaro foi o único parlamentar a votar contra PEC das domésticas
A notícia de que os negros representam 51% dos empresários do Brasil, é linda demais para ser verdade diante de uma estrutura tão racista quanto a brasileira. E é.
Embora estejam à frente dos brancos, os empreendedores afro-brasileiros não estão nem perto do faturamento entre R$ 60 e R$ 320 mil mensais. Ao contrário, apenas 1% chegou e outros 60% não lucram nada.
Se em tempos, digamos, normais, isso já seria preocupante, o que fazer no meio de uma pandemia sem precedentes? Quando ficar em casa não é uma opção e o Estado se mostra ausente, o jeito é se arriscar e torcer para não ser infectado.
O mesmo ministro que anunciou um pacote que aparenta preocupação com os trabalhadores mais vulneráveis, possui um cartel de frases e declarações preconceituosas, sem contar a defesa do AI-5, ato institucional mais severo da ditadura militar.
“Não se assustem se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, afirmou, pasmem, o ministro da Economia.
Ambulante: classe vai morrer de fome ou pelo novo coronavírs?
A fala mais escandalosa de Guedes foi mostrar aparente alegria pela alta do dólar, que fechou a terça-feira (18) a R$ 5,20. Ele justificou dizendo que a classe baixa estava viajando muito para a Disney. A frase preconceituosa dita semanas atrás coloca em risco o futuro da vida da maioria dos brasileiros pobres e negros, que serão atingidos em cheio pela Covid-19.
O câmbio não está nervoso, (o câmbio) mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro de Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver.
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