Autoridades britânicas vem sendo alvo de críticas após negarem o pedido de uma pessoa de 62 anos por um passaporte que oferecesse uma opção não-binária na definição de gênero. Com a negação do pedido de Christie Elan-Cane – que há 25 anos luta por reconhecimento social de sua identidade sem gênero – o documento do Reino Unido permanece oferecendo somente opções para o gênero masculino ou feminino. Juntam-se a Cane diversos grupos, ativistas e organizações a fim de pressionar o governo britânico a providenciar a alteração.

Efetivamente trata-se de um pequeno detalhe: a inclusão de uma opção inscrita como “X” para os não-binários. Para tal população, esse detalhe é a diferença entre a invisibilidade, a imposição e o reconhecimento e a representatividade. “É inaceitável que alguém que não se define como masculino ou femininmo tenha de declarar um gênero inapropriado para obter seu passaporte”, afirmou Cane – lembrando que a International Civil Aviation Organisation, agência de aviação da ONU, já reconhece a terceira opção, e portanto as máquinas de leitura já são compatíveis no país com o gênero X.

Christie Elan-Cane
A derrota de Cane na Suprema Corte foi defendida sob o argumento de que trata-se de um sistema coerente para o reconhecimento dos usuários, e de que seria um fardo e um custo desproporcional para beneficar pouca gente. Atualmente estima-se que 600 mil pessoas no Reino Unido se reconheçam como trans ou não-binários. Dez países já oferecem passaportes de gênero neutro: Austrália, Dinamarca, Canadá, Alemanha, Malta, Nova Zelândia, Paquistão, Nepal, Irlanda e Índia.

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