Inovação

Universitária brasileira cria absorvente sustentável para mulheres em situação de rua e ganha prêmio

10 • 03 • 2020 às 16:10
Atualizada em 10 • 03 • 2020 às 17:16
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

precariedade menstrual – termo que se dá para a falta de acesso aos produtos de higiene pessoal referentes à menstruação, é um problema que afeta milhares de pessoas ao redor do mundo. A dificuldade de acesso à produtos de higiene para menstruação, como absorventes e coletores, é um grande reflexo da desigualdade de renda que atinge nossa sociedade e, em especial, as mulheres.

Observando esse grave problema social, provocado sobretudo pelo machismo, Rafaella de Bona Gonçalves, estudante de design da Universidade Federal do Paraná (UFPR), criou um absorvente sustentável para mulheres em situação de rua. Descartável e biodegradável, o absorvente íntimo ‘Maria’ é uma solução viável para a precariedade menstrual.

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O absorvente descartável e biodegradável é fácil de ser utilizado

A criação de Rafaella foi premiada no ‘iF Design Talent Award’, um dos maiores prêmios de design do mundo. Ela é a única brasileira a já ter recebido a premição. A solução desenvolvida pela jovem pode ter impacto mundial no que se refere à precariedade menstrual.

Ela se baseou em um vídeo de uma mulher em situação de rua e no filme vencedor do ‘Oscar’, ‘Absorvendo o Tabu’“A ideia veio de um vídeo que eu assisti na internet. Nele, uma mulher em situação de rua mostrava como fazer um absorvente interno a partir de um externo. Ela tirava a parte de algodão do absorvente comum, enrolava e fazia dele um absorvente interno”, explicou para a Revista Trip.

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Genialidade sustentável

O produto não é feito de algodão, mas de fibra de banana. Observando pesquisas ao redor do mundo, especialmente da Índia, Rafaella compreendeu que, por ser descartável, o absorvente também deveria ser sustentável e biodegradável. O meio ambiente sorri.

Rafaella enxergou uma solução para a precariedade menstrual na ciência

“As mulheres que vivem nas ruas enfrentam problemas que afetam mais intensamente a elas, como a gravidez, as agressões sexuais e a pobreza menstrual, problema que atinge as pessoas que não têm dinheiro para comprar produtos de higiene”, explicou Rafaella à Prefeitura Municipal de Curitiba.

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Em um país onde 13 milhões de pessoas estão na linha da pobreza e da fome, como sobraria dinheiro para comprar absorventes? Em reunião com o Prefeito Rafael Greca (DEM), Rafaella pediu que o município adotasse uma política de acesso universal à produtos de menstruação. Nenhuma cidade no nosso país tem algum tipo de política similar e o absorvente íntimo ‘Maria’ seria um grande passo para reduzir a precariedade menstrual em uma nação tão machista quanto o Brasil.

Absorventes nas escolas 

No Rio de Janeiro, a Câmara dos Vereadores aprovou, no último dia 3 de junho, a lei 6.603/2019, que prevê a distribuição gratuita de absorventes nas escolas da rede municipal. 

Segundo o autor da lei e presidente da Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara, o vereador Leonel Brizola Neto, a demanda partiu de pais e mães de alunas preocupados com suas filhas na primeira menstruação.

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, ainda pode sancionar ou vetar a lei promulgada pela Câmara. Mas Brizola Neto não está preocupado com a questão, pois conta com o apoio de Talma Romero, a secretária municipal de Educação.

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