Diagnosticado com a Covid-19 e em quarentena, o médico e infectologista David Uip afirmou que está sendo difícil ficar isolado “sabendo que o mundo está caindo na sua frente”. “Mas faz parte da doença e eu tenho de cumprir a minha parte, à semelhança de tantos outros brasileiros que estão isolados”, disse.
Por meio de áudio enviado ao Ministério Público de São Paulo, o chefe do Centro de Contingenciamento do Coronavírus defende o isolamento social para achatar a curva de infecção.
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A medida é recomendada por órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde, mas enfrenta resistência no governo federal, que encabeça iniciativa por um isolamento “vertical”, no qual apenas idosos e pessoas do grupo de risco ficam em casa.

O médico infectologista David Uip
Segundo o infectologista, está havendo “confusão na mídia” em relação aos dados do Ministério da Saúde. A pasta atualiza números somente de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus, pois no Brasil só é testado quem está em estágio grave da doença – isso acaba deixando de fora quem está com o coronavírus, mas com poucos ou nenhum sintoma.
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“É um numerador baixo. Diferente do que se você testasse toda a população. Se a gente trabalhar com o denominador só de doentes versus mortes, nós vamos ter letalidade muito alta. Agora, se nós trabalharmos com uma população imensa que faz exames e com a letalidade que é a mesma, vamos ter uma letalidade baixa, seguramente abaixo de 1%”, explicou o especialista.
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Uip afirma ainda aos promotores que, na sua opinião, o Brasil ainda não chegou ao auge da doença e, quando isso ocorrer, todo o sistema de saúde e o econômico enfrentarão dificuldades. “Isso vai acontecer durante o mês de abril e maio, e teremos grandes dificuldades. Tanto para o sistema público e privado de saúde quanto para o sistema econômico. Não tem muito jeito, nós vamos ter de passar por isso, à semelhança de outros países”, declarou.