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O que os pais podem fazer para ter crianças de sucesso? A pergunta, que pode soar um tanto quanto estranha do ponto de vista da psicologia, foi o que norteou Bill Murphy Jr., fundador da plataforma ProGhostwriters, a entrevistar mais de cem empreendedores com o objetivo de descobrir o que havia de comum em suas infâncias para que tivessem alcançado o êxito planejado. Dos participantes, 93% relataram experiências parecidas e apontaram o fato de terem começado cedo como grande diferencial. Mas se sucesso é um termo abrangente e flexibilizado de acordo com vivências individuais e coletivas, como é possível traçar o que funciona (ou não) em termos de triunfo para uma pessoa em desenvolvimento?
Imagem: nappy.co
A psicóloga e escritora norte-americana Madeline Levine defende que as crianças não precisam andar nos trilhos para alcançarem o almejado sucesso — idealizado na maioria das vezes pelos pais, não pela criança. Para Levine, quando os cuidadores retratam o sucesso como uma progressão linear das pontuações no SAT — o teste de aptidão escolar utilizado nos EUA para selecionar estudantes para as universidades —, eles estão arrastando suas crianças para a frustração. E se por lá o capitalismo, a competitividade exacerbada e a própria transformação tecnológica acentuam esse processo, por aqui, é preciso ter cuidado com a análise. “Claro, entre nós também é muito evidente o peso descomunal do apelo consumista, da máquina capitalista direcionando a condução da vida de todos, incluindo as crianças. Ao mesmo tempo, temos sempre o espectro do desamparo social colaborando para que se busque garantir às crianças um futuro ‘garantido’. Temos a péssima qualidade de vida urbana levando à necessidade de manter as crianças ‘ocupadas’ com a preparação do futuro, já que o presente não lhes reserva coisas boas. São muitos elementos a considerar, para podemos pensar como está se dando a formação das nossas crianças”, explica a psicanalista Lia Pitliuk.
Vale destacar: tal discussão é, ainda, elitizada. Num mundo em que 175 milhões de crianças não estão matriculadas na educação infantil formal, debater sobre novos métodos de ensino e outras métricas de desenvolvimento é, sim, um privilégio.
Em construções familiares em que tal reflexão é possível, o caminho aparentemente mais benéfico é aquele que aponta para a curiosidade e o colaborativismo. “Penso que o que as crianças mais precisam é de liberdade, oportunidade e incentivo para que possam ter suas próprias experiências, e não apenas aquelas conduzidas pelas determinações educacionais em direção a metas. Por exemplo, está sendo cada vez mais comum pensar que devem brincar disto ou daquilo, para desenvolver essa ou aquela competência, e isso causa prejuízos enormes na constituição delas”, completa Pitliuk.
Registro de uma escola Waldorf no interior de São Paulo
Na casa de Talita Osiro, mãe de Amora, de dois anos, a competitividade não é estimulada. “Apesar de Amora ainda estar numa fase de desenvolvimento do eu, neurologicamente falando, que deve ir até os cinco anos, estimulamos muito a colaboratividade, seja incentivando a participar de pequenas tarefas da casa, seja mostrando como compartilhar tempo com os amiguinhos pode ser prazeroso. Também tentamos não estimulá-la para quase nada que o corpo dela não esteja com necessidade na hora. Temos uma tríade para a idade dela: movimento, sono e alimentação — e eu incluiria afeto e colo — são oferecidos sem reservas, na quantidade que ela precisar e quiser. Aqui, nos apoiamos muito em pedagogias mundo afora que pregam que a criança tem de ser livre para que ela mesma consiga ter autoconfiança de que seu corpo dá conta do tanto que ela pode sustentar de experiências naquele momento”, explica.
Imagem: nappy.co
E se a pressão em cima de muitas crianças é enorme, os pais também não estão livres do peso das cobranças e dos julgamentos. “Todos, adultos e crianças, estão vivendo sob pressões fortes demais, beirando mesmo o insuportável para todos”, diz Pitliuk. A psicóloga trouxe para a entrevista, também, o cenário caótico em que estamos inseridos com a pandemia do coronavírus: “Neste momento de crise tão intensa frente, tem sido espantosa a reação de muitas pessoas frente às medidas de isolamento: estão aliviadas pela possibilidade de interrupção da ‘corrida’, graças a este motivo de força maior. Sobre as crianças, especificamente, estando em processo de formação da subjetividade, crescem com dificuldades e com competências muito distintas das de outras épocas, que certamente implicarão em modos de vida muito diferentes”. Não há regras, mas parece que olhar para os pais, sem rotulá-los de ansiosos já de primeira, parece despontar como uma possibilidade de uma construção social mais integral. “Para protegermos as crianças, precisamos proteger os adultos que cuidam delas, precisamos pensar e repensar a condução da vida de um modo mais global”, finaliza a psicanalista.
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