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Foi em um 13 de maio que a Justiça se fez para uma jovem presa por causa dos cabelos cacheados. Babiy Querino usou as redes sociais para anunciar sua absolvição. “Passando para dar essa notícia mais que incrível, eu fui absolvida”, celebrou no Twitter no fim da tarde de quarta-feira.
– Prisão de Babiy Querino reforça racismo da Justiça: ‘Pra não chapar eu escrevia’
O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Guilherme Souza Nucci, afirmou que não é possível se basear nas características capilares para identificar o autor de um crime. Ele ainda criticou que Babiy tenha sido colocada na posição de culpada apenas por causa do cabelo.
Babiy Querino está, finalmente, livre
“A primeira identificação da acusada pelas vítimas ocorreu, em circunstâncias pouco esclarecidas, por meio de fotografias enviadas pelo aplicativo WhatsApp, quando os ofendidos reconheceram Bárbara em razão de seu cabelo, circunstância, no mínimo, peculiar, sobretudo pela ausência de traços diferenciais no cabelo da referida acusada”, se manifestou na decisão.
A vida de Babiy mudou em 2017, após a acusação de ter participado do roubo de um veículo ao lado do irmão e do primo em São Paulo. Sua suposta participação foi confirmada pelas vítimas por meio de fotos no WhatsApp.
– Reconhecimento facial vira ameaça para negros; maioria entre presos
Em entrevista ao Hypeness no ano passado, quando estava em liberdade condicional, Babiy criticou o sistema racista que fez com que ela fosse colocada dentro da cela de uma cadeia por ser uma mulher negra.
“Foi duro. Foi difícil pra caramba, porque eu fui reconhecida pelo meu cabelo cacheado e eu amo meu cabelo, sabe? Fora que assim, nós mulheres negras nascemos fortes, sabe? Sem perceber, a gente vê que tudo que passamos na nossa vida a cada dia é uma superação”, disse.
Passando para dar essa notícia mais que incrível.
EU FUI ABSOLVIDAA
DIA 13 DE MAIO DE 2020 ???♥️♥️ pic.twitter.com/c7a2nLlKZw— Babiy Querino (@_Queenrino) May 13, 2020
Babiy também demonstrou irritação com o vazamento em grupos de WhatsApp e Facebook das fotografias feitas na delegacia. Acontece que ela sequer estava em São Paulo quando o crime foi cometido. Babiy, que é uma apaixonada pela dança, estava no Guarujá, que fica cerca de 100 quilômetros distante da capital paulista. Nem uma campanha nas redes sociais pela liberdade da jovem de então 21 anos foi suficiente e Babiy Querino cumpriu 1 ano e 7 meses de reclusão em regime fechado.
– Editorial: o Brasil que se incomoda com o termo ‘pretinhos’ e faz vista grossa ao racismo
“Olha, lá dentro pra não chapar eu escrevia, conversava, fazia a unha, a sobrancelha das meninas. Eu chorei bastante no começo, mas depois pensei, ‘ah não, se eu tô aqui na merda, vamo aprender a lidar com essa merda’. E, basicamente eu pegava e escrevia, conversava bastante com as meninas. Isso me aliviou bastante. Eu passava horas escrevendo para as pessoas que me escreviam. Escrevia textos”, recorda.
Livre, de fato, como tem que ser, Babiy é mais um símbolo da perversidade do racismo que sustenta o judiciário brasileiro. Não é possível que, em 2020, uma pessoa negra seja condenada por ser negra. Babiy não merece um pedido de desculpas, ela deveria ser indenizada por um Estado que tenta sufocar a existência plena do sujeito negro na sociedade.
“A absolvição vai ser uma chama reacendendo, sabe? Contra o sistema judiciário, os erros que ele comete todos os dias no país. Eu creio que vai ajudar muitas pessoas. Esse é o intuito, de ajudar. O que eu passei não tem como apagar da memória, então o foco é ajudar para que as pessoas não passem pelo que eu passei”.
Ainda sem acreditar eu me tremo toda, eu choro de alegria, choro de alívio. Estava numa falsa liberdade e finalmente esse peso passou.
Eu não PODIA ter sido presa, eu não PODIA ter passado por tudo isso,para que neste dia a verdade viesse tona.— Babiy Querino (@_Queenrino) May 14, 2020
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