Ciência

Canal do Panamá está ameaçado – e não é culpa do coronavírus

21 • 05 • 2020 às 19:00
Atualizada em 21 • 05 • 2020 às 19:01
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Inaugurado em 1914 como uma das maiores obras de engenharia em todo o mundo, o Canal do Panamá é um canal artificial localizado no Panamá ligando o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico para oferecer rota mais rápida a mais de 12 mil embarcações anualmente. Atualmente o canal se vê diante de uma crise que, pasmem, nada tem a ver com a pandemia do novo coronavírus: desde o ano passado falta água no trecho, ameaçando o complexo mecanismo de eclusas que permite a passagem dos navios de um oceano para o outro.

O canal visto de cima

Uma queda de 20% nas chuvas colocou 2019 como o quinto ano mais seco em sete décadas, e por conta disso as autoridades do Canal do Panamá já vêm reduzindo o calado máximo das embarcações que atravessam o trecho para economizar água. Além disso, desde fevereiro os navios que atravessam o canal passaram a ter de pagar uma tarifa de até US$ 10 mil dólares pelo consumo de água doce pela passagem. “Tivemos um ano extremamente seco e isso nos levou a implementar várias medidas para garantir a conservação dos recursos hídricos”, explica Carlos A. Vargas, vice-presidente de água e meio ambiente do Canal do Panamá.

Embarcação cruzando o canal

Um sistema de eclusas e barragens corrige o desnível entre os dois oceanos para permitir a passagem das embarcações pelo Canal do Panamá – que utiliza uma imensa quantidade de água doce que alimenta as eclusas do canal durante a passagem dos navios. A passagem costumeira de 35 embarcações em períodos regulares utiliza o equivalente a mais de 2,6 mil piscinas olímpicas por dia.

Detalhe do complicado sistema de transposição do canal

O lago artificial Gatún, ligado ao canal, que fornece a água para permitir a passagem, vem sofrendo intensamente com a falta de chuvas – e, soma-se a isso o impacto global da atual pandemia sobre a economia, e o futuro é ainda incerto no local.

Barco no lago Gatún

“A equipe do Canal do Panamá acompanhará de perto como as cadeias de suprimento se reestruturarão nos próximos meses”, afirmou o administrador do canal, Ricaurte Vásquez. “Quando a pandemia se atenuar, estaremos de olho na consistência com que os governos regulam sua indústria de transporte”, conclui.

Publicidade

Canais Especiais Hypeness