Sempre que o Ministério da Saúde divulga o total de óbitos e casos confirmados em 24 horas, surge alguém falando sobre a subnotificação provocada pela incapacidade brasileira de testar sua população. Um estudo realizado pelo Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade Medicina de Ribeirão Preto, afirma que o Brasil rompeu a marca dos 3 milhões de infectados pelo novo coronavírus. As informações são da BBC Brasil.
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Estudo aponta Brasil com 3 milhões de casos de covid-19
De acordo com o levantamento da instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP), o país possui 11 vezes o número oficial de casos divulgados todos os dias pelo Ministério da Saúde. Os dados do estudo podem ser acessados no site covid-19 Brasil. Oficialmente, até a manhã de quarta-feira (20), são 273 mil positivos para a doença.
O professor Domingos Alves, coordenador da equipe, disse à BBC Brasil que a discrepância entre os números se dá pela perda de controle do governo federal. “O número de casos está crescendo de forma exponencial. Posso afirmar categoricamente que o Brasil se tornou o polo mais importante de disseminação do vírus covid-19 do mundo”, afirmou ele que prevê um cenário “extremamente crítico até o fim do mês de maio”.
A testagem, como foi dito, é um dos maiores entraves para o mapeamento assertivo do avanço da doença. O Brasil, país continental com mais de 200 milhões de habitantes, testou 3.462 mil por milhão de habitantes. A Argentina, que tem pouco mais da população total do estado de São Paulo, desenvolveu um sistema de testagem rápida e pretende fazer 200 mil exames por mês. No dia em que o Brasil rompeu a marca dos 1 mil mortos, nossos vizinhos contabilizaram 11 óbitos pela covid-19.

Oficialmente, o país rompeu a marca dos 1 mil mortos
“A taxa de mortalidade do Brasil atualmente é de quase 8,6%, muito superior a de outros países, mas isso não se deve ao fato de que os brasileiros são mais propensos a morrer de covid-19”, explicou Alves à BBC.
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O Ministério da Saúde, desde o início da pandemia, passou por duas demissões. Mandetta e Teich deixaram o cargo por divergências com Jair Bolsonaro. Agora, no dia em que o Brasil bateu recorde de mortos em 24 horas, a pasta segue sem comando oficial.
No momento, o Ministério é comandado pelo general Eduardo Pazuello, que nomeou ao menos 9 militares, sem experiência na área de saúde, para cargos no segundo escalão da pasta. Nesta terça-feira (19), em e-mail enviado aos jornalistas, a pasta preferiu exaltar o número de curados da doença: “Sobe para 106.794 o número de pessoas recuperadas da covid-19”, diz o breve texto.