Debate

Jornalista agredida em protesto contra quarentena faz BO e diz que não vai parar

18 • 05 • 2020 às 12:29
Atualizada em 18 • 05 • 2020 às 12:39
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

O Grupo Bandeirantes se pronunciou, na noite deste domingo, 17, sobre a agressão sofrida pela repórter Clarissa Oliveira durante um ato contra a quarentena em Brasília, horas antes. Enquanto se preparava para entrar ao vivo e olhava o celular, a profissional foi atingida na cabeça por uma bandeira do Brasil presa a um mastro manuseado por uma manifestante em frente ao Palácio do Planalto. Pessoas ao redor presenciaram a agressão mas nada fizeram.

De acordo com a nota, a emissora emitiu um boletim de ocorrência, para que os fatos sejam apurados. “A agressão à nossa repórter, Clarissa Oliveira, durante manifestação em frente ao Palácio do Planalto, ofende a liberdade de imprensa e a todos os jornalistas”, declarou a empresa, que pediu ainda “punição exemplar a esse ato inaceitável de selvageria”, lamentando “mais essa prova de desrespeito ao trabalho da imprensa”.

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Repórter é agredida em ato contra quarentena

O protesto era em favor do posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que acredita, e repete muitas vezes, que as medidas de contenção do coronavírus, assim como as mortes decorrentes da doença, não deveriam atrapalhar a economia do país.

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Os protestantes claramente assinam embaixo das falas do líder político. Em meio às mensagens no evento, estava um caixão debochando dos mais de 16 mil mortos pela Covid-19 no país. No domingo, dia do protesto, os números oficiais da pandemia no Brasil eram de 7.938 novos casos, chegando a 241.080 pessoas com diagnóstico confirmado, e 485 novas mortes documentadas.

Muitos apoiadores de Bolsonaro também seguravam cartazes aliando o uso da cloroquina como remédio da Covid-19, embora não haja comprovação científica para tal uso do medicamento.

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Por fim, a atitude contra a jornalista também acaba não surpreendendo, já que Bolsonaro também tem criticado a imprensa frequentemente. Ao mesmo tempo, ainda há quem defenda a imprensa no Brasil. Clarissa usou o seu Twitter para agradecer as mensagens de apoio que tem recebido online desde a agressão sofrida.

O ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo de inquérito que apura a organização de atos ilegais contra o regime democrático no Supremo Tribunal Federal (STF), também se manifestou pelo Twitter.

Mais cedo, na portaria do Palácio da Alvorada, Bolsonaro parou rapidamente para atender apoiadores que estavam atrás da grade de proteção e repreendeu o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, por falar com jornalistas que aguardavam para fazer perguntas ao presidente.

À Folha de São Paulo, a servidora pública Angela Telma Alves Berger justificou dizendo que a bandeirada na jornalista foi um acidente. “Eu tava olhando os paraquedistas e me descuidei…acontece. Já levei tantas bandeiradas. Quebraram até meu óculos. Porém, entendo que foi um acidente”, encerrou.

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