Ciência

Nova espécie de bagre semitransparente é encontrada no Amazonas

18 • 05 • 2020 às 18:12 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Corria o primeiro dia de uma expedição no município de Rio Preto da Eva, na região metropolitana de Manaus, quando, ao passar por um banco de areia em um igarapé que não estava no mapa, a bióloga brasileira Elisabeth Henschel decidiu não ignorar o pequeno caminho de água amazônico e investigar o local. A expedição era feita junto com dois colegas do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e os três já tinham desprezado o igarapé quando Henschel decidiu voltar: lá ela encontraria um peixe até então desconhecido para a ciência – uma espécie de bagre jamais antes registrada nos anais científicos.

A bióloga Elisabeth Henschel © National Geographic

“Vimos um curso de água parcialmente destruído e passamos por ele em linha reta, mas eu disse que voltássemos para ver”, disse Henschel. “Tive uma sensação de segurança. Atravessei a rede pela primeira vez e vi logo alguns peixes transparentes lutando. E aí eu pensei ‘eu sei o que é isso’”, recorda. No final de fevereiro a cientista, que em 2018 recebeu uma bolsa de estudos da National Geographic Society, publicou a descoberta do Ammoglanis obliquus em parceria com um grupo de pesquisadores do Laboratório de sistemática e evolução de peixes teleósteos da UFRJ.

Detalhes do Ammoglanis obliquus, descoberto por Elisabeth Henschel

Trata-se de um bagre pequeno, com um padrão de manchas espalhadas por seu corpo, em um máximo de 1,5 cm de dimensão, que vive em bancos de areia próximos do município de Rio Preto da Eva, e com uma característica especialmente singular: seu corpo é semitransparente. O Ammoglanis obliquus se difere de outros bagres também no formato e na quantidade de ossos, dentição e nos raios das nadadeiras, e sua descoberta amplia ainda mais o conhecimento sobre biodiversidade da Amazônia e o estudo da evolução morfológica do bagre em suas diversas espécies.

© Elisabeth Henschel

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