Arte

 ‘O Grito’ está desbotando, mas cientistas descobriram método para salvar quadro clássico

25 • 05 • 2020 às 21:16 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Corria o ano de 1983 quando, ao sair para um passeio e notar a luz do pôr-do-sol tingir as nuvens em um vermelho-sangue, o pintor norueguês Edvard Munch sentiu como se escutasse o “grito imenso, infinito, da natureza” naquelas cores, e se inspirou a pintar um dos mais celebrados quadros em todos os tempos. Conhecida popularmente como “O Grito”, a pintura mostra um céu alaranjado e multicolorido como fundo para a icônica figura em desespero ao centro – mas atualmente o grito vem diminuindo seu volume: as cores vibrantes que o caracterizam vêm nitidamente desbotando. Uma equipe de cientistas, porém, afirma ter descoberto o motivo de tal desgaste, e o caminho para a preservação da obra.

Atualmente parte da coleção do Museu Munch, em Oslo, na Noruega, o desgaste na obra é o motivo pelo qual “O Grito” raramente é exposto ao público. O estudo realizado por uma equipe de cientistas do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália, e publicado na revista Science Advances, afirma que não a luz, mas a umidade estaria por trás do processo de desbotamento percebido na obra, especialmente sobre a tinta amarela à base de cádmio – e uma das maiores ameaças é a respiração humana.

O pintor norueguês Edvard Munch © Wikimedia Commons

Para chegar a tal conclusão, métodos de raio-x em condicões variadas de umidade foram aplicados sobre pequenas amostras de tinta.

Turistas visitando o quadro no museu © Flickr

“A fórmula correta para preservar e exibir o quadro permanentemente deve incluir a mitigação da degradação do pigmento amarelo de cádmio, minimizando a exposição da pintura a níveis de umidade excessivamente altos”, afirmou Irina Sandu, cientista de conservação do museu, em nota. A descoberta poderá impactar também a conservação do trabalho de outros artistas como Henri Matisse, Vincent Van Gogh, que também utilizam a tinta amarela com sulfeto de cádmio. O Museu Munch ainda está avaliando de que forma os ajustes no controle de umidade do museu podem afetar outras obras do acervo. Em 2012, “O Grito” se tornou a pintura mais cara da história até então, ao ser adquirida por US$ 119,9 milhões.

© Munch Museum

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