Debate

Pandemia não impede aprovação de 118 novos agrotóxicos em 2 meses pelo Governo Federal

18 • 05 • 2020 às 18:11 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Viver no Brasil é ter certeza de que o que já é ruim pode sempre piorar – e se não bastasse as orientações suicidas do atual governo federal no tocante à contenção da pandemia do novo coronavírus, outros males seguem nos ameaçando de vento em popa, também com o incentivo do governo. Em plena quarentena, o Governo Federal aprovou a venda e uso de novos agrotóxicos no mercado brasileiro, e outros 216 pesticidas aguardam aprovação.

Desde março já foram publicados registros de 118 novos produtos, com 84 para os agricultores e 34 para a indústria. E se o ano passado foi o recorde histórico de aprovações de agrotóxicos no brasil, com 475 produtos liberados no país, esse ano promete, mesmo com a pandemia: no mesmo período, em 2019, 80 novos registros foram publicados. A produção de pesticidas foi foi considerada atividade essencial segundo a MP 926 e o Decreto 10.282, de 20 de março, e o governo já confirmou que o processo de avaliação e aprovação de novos produtos do tipo não será interrompido durante a quarentena.

“Em meio à pandemia de coronavírus, confusão generalizada no Governo Federal, caos na saúde pública e colapso econômico, o Ministério da Agricultura segue a marcha do veneno”, afirmou a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em comunicado. Dentre os novos agrotóxicos aprovados estão o Fipronil, inseticida relacionado com a morte, no ano passado, de mais de 500 milhões de abelhas no Brasil e banido em parte da União Europeia e dos EUA, e o Clorpirifós, da companhia chinesa Amada, banido também nos EUA e na EU por estar relacionado com má formação no cérebro de bebês. Desde julho do ano passado que a agência reguladora Anvisa só classifica com toxicidade máxima os agrotóxicos que causam morte horas depois de ingeridos ou tocados.

Algumas das milhões de abelhas mortas no Brasil no ano passado © divulgação

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© fotos: PixaBay/divulgação


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