Debate

Para fugir do coronavírus na Espanha, imigrantes pagam mais de 30 mil por balsas rumo ao Norte da África

04 • 05 • 2020 às 18:08
Atualizada em 04 • 05 • 2020 às 18:08
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O efeito da pandemia do novo Coronavírus sobre o planeta é de tal forma sem precedentes que pode ser percebido até mesmo em mercados clandestinos de forma radical e até então inimaginável – como no tráfico humano e transporte ilegal de imigrantes.  Conforme mostrou reportagem do jornal El País, a situação de trânsito de imigrantes entre a Espanha e o Marrocos é um surpreendente exemplo das atuais circunstâncias, e um grupo de 100 marroquinos foi registrado embarcando em caminho oposto ao habitual: contrariando as determinações da quarentena de ambos os países para retornarem ao Marrocos.

Imigrantes entre Espanha e Marrocos © EPA

Segundo consta, a mudança é ainda mais substantiva: cada viajante teria pagado cerca de 5.400 euros (33 mil reais) para poderem retornar ao Marrocos em um barco inflável, enquanto a viagem contrária, do país para a Espanha, atualmente custa entre 400 e 1000 euros (entre 2.450 e 6.100 reais). Vale lembrar que não só as fronteiras de ambos os países estão fechadas, como a quarentena está determinada. O motivo para tal mudança é evidente: ainda que o Marrocos seja o terceiro país mais afetado pela Covid-19 no continente africano, com mais de 5000 casos no total e 179 mortes, a Espanha é o segundo país mais afetado do mundo, com 248 mil casos e mais de 25 mil mortes.

Um acidente na travessia © AFP

Os viajantes tiveram de atravessar mais de um dia contra ondas imensas para chegar a uma praia em Larache, noroeste marroquino. Uma vem em terra o grupo se dissipou e fugiu para evitarem a polícia militar, responsável pela manutenção do confinamento no país. O fechamento das fronteiras do Marrocos se deu no dia 13 de março, impedindo sequer o retorno de seus cidadãos – entre eles, trabalhadores que atuam na Espanha e se viram presos no país da noite para o dia.

© Marco Moreno/Getty

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