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“É tão metafórico!”, diz Kim Ki-woo no início de ‘Parasita’, o longa do cineasta Bong Joon Ho, vencedor de 4 ‘Oscars’, incluindo o de Melhor Filme e o de Melhor Filme Estrangeiro. Ki-woo é o filho mais jovem de uma das duas famílias que protagonizam as cenas ora horríveis, ora hilariantes. O personagem usa a frase algumas vezes e ela diz muito sobre o próprio longa.
Como escreveu A.O. Scott, no The New York Times, o que faz de ‘Parasita‘ o filme do ano – e pode fazer de Bong o cineasta do século – é a maneira como consegue ser ao mesmo tempo “fantástico e fiel à vida, intensamente metafórica e devastadoramente concreto”. É sobre escancarar a absurda desigualdade social, que poderia ser aqui, no chile, nos EUA e em tantos outros países.
O filme chega ao Telecine em 30 de maio e, para que você não perca nenhum detalhe dessa obra cinematográfica, vamos te dar o caminho para ver ‘Parasita‘ com outros olhos. Sem spoiler, as dicas vão te ajudar a ver as cenas de forma mais atenta, decifrando pontos da direção de fotografia, composição de imagem e alguns outros recursos que impactam no psicológico do espectador.
Em ‘Parasita’, nada é por acaso. Então vamos nessa:
Para a galera que andou se aventurando no reality shows de gastronomia, esse conceito em francês deve soar familiar – lembra do mise en place, que é o pré-preparo de um prato? Pois bem, neste caso é o conjunto que engloba cenário, atores, figurino, maquiagem, e até mesmo luz! Resumindo, é tudo aquilo que aparece no quadro e a forma como ele é montado. Essa união de detalhes começa mostrando que a família Kim mora num porão, com uma pequena saída de ar na altura da calçada, o que deixa clara sua posição num patamar abaixo da sociedade.
As cenas têm o enquadramento especialmente fechado, mostrando todo mundo juntinho dentro da kitnet no subsolo. Essa escolha causa uma sensação super claustrofóbica que podemos ver nos movimentos incômodos para usar o wi-fi de vizinhos, ou até o próprio vaso sanitário, numa plataforma ironicamente colocada acima das cabeças dos personagens. Tudo isso contrasta com o plano aberto, amplo e com espaço entre os personagens nos takes na casa rica.
A iluminação interfere completamente nas nossas sensações sobre o filme. Na casa subterrânea dos Kim, quase não entra luz e as cores usadas são sempre frias. Nesse ambiente escuro e desorganizado, com vista para uma rua suja, sentimos a pressão sobre a família mais pobre. Já na casa dos ricos Parks, os espaços não só são amplos, mas uma grande parede de vidro funciona como janela para o quintal – não à toa, a produção do filme pesquisou o percurso da luz solar de vários terrenos antes de começar a construção do cenário.
Duas fortes características do cinema de Bong Joon-ho são a mistura de gêneros e o ritmo das narrativas. ‘Parasita‘ pode até parecer uma comédia a princípio, mas ao longo de seus atos bem delimitados, ele vai transitando entre o drama, o suspense e até toques de terror. A construção dos personagens vai nos cativando até chegar ao clímax, conectando cada cena para que a narrativa seja fluida e harmoniosa. Os diálogos, a música e as imagens mudam de humor – e nos levam junto nessa toada – o que prende a atenção do início ao fim.
A trilha original do filme, composta por Jung Jae-il, merece atenção. A música de encerramento, chamada A Glass of Soju (Um copo de soju*), tem letra escrita próprio diretor Bong Joon-ho e é cantada pelo ator Choi Woo-shik, dando voz ao que aconteceu com Ki-woo nos anos seguintes à história do filme.
“Quando as pessoas estivessem saindo do cinema, eu queria que elas escutassem a voz de Ki-woo no final, então, eu pedi para o ator cantar a música que escrevi a letra”, explica o diretor e co-roteirista de Parasita ao The Ringer. A música na verdade iria se chamar ‘564 years‘, que foi o cálculo feito pelo diretor de quantos anos uma pessoa nas condições dos Kim teria que trabalhar para comprar uma mansão como a da família Park.
‘Parasita’ foi a grande estrela da última edição do ‘Oscar’, se tornando o primeiro longa metragem em língua não-inglesa a ganhar a estatueta para Melhor Filme. E é a primeira vez desde os anos 1950 que a mesma obra ganha o ‘Oscar’ e a ‘Palma de Ouro de Cannes’. Agora chega ao Telecine e assistir com as nossas dicas vai deixar bem claro o porquê do sucesso!
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