Estamos em 2020, mas parece que o pessoal de marketing da Bombril ficou nos anos 50. A marca está sendo criticada online por resgatar um produto com histórico racista: a esponja de aço inox com o nome “Krespinha”, que já foi associado de maneira pejorativa comum ao cabelo crespo, uma das principais característica de pessoas negras. A hashtag #BombrilRacista foi um dos assuntos mais comentados do Twitter hoje pela manhã.
Um produto chamado “Krespinha”, da S. A. Barros Loureiro Indústria e Comércio, era vendida na loja Sabarco, em São Paulo. A divulgação em 1952 levava uma menina negra no logo, o seu cabelo tinha o mesmo formato que a esponja de aço. A campanha também trazia a frase “as suas ordens”, colocando em tom de servidão.

E a Bombril nem precisaria ter ido tão longe para ser associada com racismo. Por anos, “cabelo de bombril” foi um apelido comum para pessoas negras que usam o black naturalmente. Este tipo de ofensa colabora para uma construção de imagem negativa e baixa auto-estima da população preta, que é a maioria no país. A marca nunca havia incentivado os apelidos, mas também nunca se pronunciou contra.
No site da Bombril, o produto era definido como “perfeita para a limpeza pesada”, sendo utilizada para a remoção de sujeiras e gorduras “de um jeito rápido e eficaz, sem esforço”. No final da manhã, ele foi retirado do ar. Procurada, a empresa não respondeu até o momento aos questionamentos.