Em meio aos protestos antirracismo em todo o mundo, motivados pelo assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, Luisa Mell foi criticada nas redes sociais por uma postagem na página de sua loja no Instagram com a frase ‘Toda Vida Importa‘, que faz parte da nova campanha de seu instituto em prol dos animais.
A ativista foi criticada por usar uma frase que relativiza o movimento ‘Black Lives Matter’ (ou vidas negras importam), que tem o objetivo de conscientizar sobre o genocídio da população negra, que acontece de maneiras diferentes pelo mundo, mas sempre motivado pelo racismo.
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O nome da ativista foi parar nos trending topics do Twitter. Em entrevista para a UOL, Luisa demonstrou revolta ao saber das críticas e explicou que havia pedido para a empresa responsável por gerenciar a página de sua loja segurasse o post para evitar problemas com o movimento negro e que não sabia da publicação, porque o perfil da loja na rede social foi hackeado ontem.
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Luisa ressaltou ainda que a sua campanha com a frase ‘Toda Vida Importa‘ foi lançada no início do ano, ou seja, meses antes dos protestos antirracistas ganharem força.
“Quem foi a primeira pessoa que escreveu para as pessoas não ficarem em cima do muro fui eu. Depois todo mundo copiou o meu post. Chega a ser vergonhoso. Eu sempre me posiciono. Só porque eu acho que a vida dos animais importa, a dos negros importa menos? Nada a ver. Muito pelo contrário. Eu respeito toda forma de vida”, justifica.
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Mas nada disso explica porque Luisa quis fabricar uma camiseta com tal frase, considerada ofensiva por movimentos negros. Já foi explicado mais de uma vez, mas vale a pena lembrar: dizer que “vidas negras importam” não é o mesmo que dizer que “somente vidas negras importam” ou que “toda das vidas não são importantes”.
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A ideia é justamente explicar que vidas negras são tão importantes quanto às outras e apenas o fato de isso ser tão contestado, já diz muito sobre a dificuldade que pessoas brancas têm de reconhecer privilégios e se inserir na luta antirracismo.
Empresários negros importam:
Enquanto a empresa de Luisa Mell lucra dizendo que “todas as vidas importam”, a população negra é o grupo que mais abre novos negócios no Brasil, mas é também é o grupo que menos fatura.
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De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor de 2017, pesquisa realizada em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), negros correspondem a 51% dos empresários do país, porém formam apenas 1% daqueles que ganham de R$ 60 mil a R$ 360 mil e totalizam 60% dos empreendedores que não lucram nada.