Criatividade

Autor de livro sobre cogumelos deixa que os fungos comam seu livro para depois comê-los

13 • 07 • 2020 às 10:29
Atualizada em 28 • 09 • 2020 às 13:41
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se divulgar um livro é sempre uma tarefa difícil, ainda mais se tratando de uma publicação sobre um tema tão específico e direcionado quanto cogumelos. Por isso, na hora de promover Entangled Life: How Fungi Make Our Worlds, Change Our Minds, and Shape Our Future (Vida Emaranhada: Como os fungos fazem nossos mundos, mudam nossas mentes e formam nosso futuro, em tradução livre), o autor e biólogo Merlin Sheldrake decidiu ir além das divulgações convencionais, pedindo ajuda para os próprios protagonistas de seu livro: ele fez com que os cogumelos “devorassem” um exemplar de seu livro, para em seguida comer, ele próprio, o fungo que devorou sua obra.

“Inicialmente fiquei envaidecido pelo fungo ter consumido o livro de forma tão intensa, mas ao refletir percebi que não podia tomar isso como um voto de confiança”, afirmou Sheldrake, conhecedor profundo do comportamento dos cogumelos, sabendo que o tipo de fungo que escolheu, Pleurotus, é um dos mais vorazes onívoros do planeta – capaz de se alimentar de tudo que vê pela frente.

“Mas ainda assim é um fato tranquilizador: em se tratando de um dos maiores onívoros, seria assombroso se ele não comesse o livro”, disse.

O processo levou um par de semanas, para quem em seguida Sheldrake cultivasse os cogumelos que nasceram em seu livro, e em seguida os cozinhasse em um delicioso prato – o que, em um ciclo curiosamente completo, fez suas próprias palavras, sobre o fascinante, intrigante e complexo mundo dos fungos, de certa forma retornassem para sua boca.

“Estavam deliciosos, e eu não senti nenhum sabor estranho, o que sugere que o fungo metabolizou o texto por completo”, escreveu o autor.

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© fotos: reprodução/divulgação


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