Sustentabilidade

Fotos mostram em detalhes nuvem de gafanhotos que atingiu Argentina

01 • 07 • 2020 às 15:19 Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Na semana passada, um alerta foi emitido às autoridades brasileiras que uma nuvem de gafanhotos que havia invadido o Paraguai e a Argentina poderia chegar em solo brasileiro. A praga que destrói plantações e apresenta risco para a segurança alimentar dos hermanos está na região de Corrientes, que faz fronteira com o Rio Grande do Sul.

O Serviço Nacional de Segurança e Qualidade Alimentar (SENASA, sigla em espanhol) conseguiu monitorar de maneira precisa a infestação, que é mais um entreposto – junto da covid-19 – para a sonhada recuperação econômica do país governado por Alberto Fernández. Segundo o monitoramento da agência estatal argentina, a nuvem de gafanhotos está a cerca de 150 quilômetros de Uruguaiana, uma das cidades fronteiriças entre o Brasil e os vizinhos.

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Nuvem de gafanhotos pode afetar diversas safras no Brasil e põe em risco segurança alimentar dos argentinos durante a crise

O monitoramento da nuvem de gafanhotos se tornou um desafio em meio à pandemia e às drásticas condições climáticas que afetaram o continente ontem, devido ao ciclone que afetou o centro-sul do Brasil e, em especial, a região litorânea de Santa Catarina. As chuvas e os ventos, entretanto, seguiram continente adentro e impactaram o mapeamento das autoridades argentinas.

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“Devido às más condições climáticas, o monitoramento foi interrompido às 17h, quando as estradas internas onde as equipes do Senasa procuravam os gafanhotos estavam ficando intransitáveis. Por volta das 20h, recebemos um alerta de uma pessoa que teria visto os insetos perto da Paraje Amará Picada, na área de El Descanso”, afirmou o órgão.

Ainda segundo o SENASA, as atividades foram retomadas no dia de hoje, pela manhã. Não se sabe com precisão se a nuvem vai seguir para o Brasil ou se irá se manter em território argentino.

“Graças ao aviso recebido ontem à noite, a área de monitoramento pode ser reduzida e a localização de parte da nuvem pôde ser encontrada. Com o apoio dos guias, o ajuntamento foi feito a cavalo, devido à pouca acessibilidade das estradas”, informou o órgão.

O Brasil prepara aviões com pesticidas para tentar conter a nuvem, mas não se sabe qual o impacto que a medida pode ter para combater o fenômeno relativamente raro no nosso território. O governo federal estabeleceu, através de portaria publicada pelo Ministério da Agricultura, que a responsabilidade para o controle da praga será feito pelas secretarias estaduais de agricultura e meio-ambiente “a partir dos procedimentos gerais de controle estabelecidos pelo Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura”.

Gafanhotos podem causar danos inimagináveis às safras

Segundo o Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola do Brasil (Sindag), as empresas de controle agrícola por aviões já estão prontas para a ação na região de Uruguaiana (RS) e na faixa entre Alegrete (RS) e Pelotas (RS). O fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, diz que os ventos estão agindo favoravelmente, assim como a chuva, dois fenômenos que contém a migração dos gafanhotos.

“A chuva apenas impede a migração. Os gafanhotos ficam onde estão e voltam a migrar depois que a chuva passa. O que elimina os insetos é o frio. A partir de 5ºC, já eliminaria alguns. Mas, para o clima acabar com a nuvem, seria preciso frio abaixo de zero”, afirma o professor Mauricio Paulo Batistella Pasini, doutor em Entomologia e pesquisador da Universidade de Cruz Alta (Unicruz) ao Globo Rural.

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