Ciência

Origem do novo coronavírus pode ter sido há 70 anos, aponta novo estudo

31 • 07 • 2020 às 16:35
Atualizada em 31 • 07 • 2020 às 16:35
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Um estudo publicado na revista Nature Microbiology indica que as origens do novo coronavírus podem ser muito mais antigas do que se pensa. Coletando e analisando genomas de outros sarcovírus, os pesquisadores conseguiram remontar três linhagens que podem mostrar quando o vírus migrou de um forma regressa para forma mais próxima que evoluiu e migrou dos morcegos para outro animal e, consequentemente, para o ser humano.

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Segundo a pesquisa, foi possível remontar três origens potenciais para o vírus: 1948, 1969 e 1982. Os estudiosos utilizaram três técnicas para avaliar a possível transição do ancestral comum para o novo coronavírus Sars-Cov-2 e chegaram nas respectivas datas. Entretanto, a falta de dados antigos para genomas de vírus contribui para a dificuldade desse tipo de estudo.

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“Descobrimos que os sarbecovírus –o subgênero viral que contém SARS-CoV e SARS-CoV-2– passam por recombinação frequente e exibem diversidade genética espacialmente estruturada em escala regional na China“, dizem os autores do estudo. Foram encontradas linhagens do vírus ancestral em outros países que não a China, como a Bulgária e o Quênia.

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Outra preocupação dos pesquisadores é a importância de uma coleção e sequência mais rápida dos novos vírus que podem surgir ao redor do mundo. Para eles, esse tipo de sequenciamento de genoma é a chave para combater os vírus e, ao fim do artigo, eles reiteram que essas evidências mostram a necessidade de uma rede global ainda mais atenta para o surgimento de novos vírus de potencial pandêmico.

“A diversidade existente e a dinâmica de recombinação entre linhagens no morcego demonstra o quão difícil será identificar novos vírus com potencial de infecção nos seres humanos antes de eles surgirem”, explicam os autores.

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“Isso reforça a necessidade de uma rede global de vigilância para doenças em seres humanos, como aquela que identificou o tipo único de pneumonia em Wuhan em dezembro de 2019, que nos deu a capacidade de sequenciar com rapidez os genomas e identificar o novo coronavírus.”, conclui o estudo.

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Fotos: © Getty Images


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