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No dia 25 de julho é comemorado o importante Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, data reconhecida pela ONU e desde 2014 celebração nacional oficial no Brasil – em um país com mais de 54% da população negra, sustentado pela força, a cultura, o trabalho e a sabedoria dessas mulheres, mas que insiste em seguir batendo recordes de feminicídio.
Por aqui a data também celebra a vida, luta e história de Tereza de Benguela, líder quilombola morta em uma emboscada e que desde o século XVIII – em que viveu – serve de inspiração para outras mulheres negras no Brasil e no mundo. É, portanto, uma efeméride que merece todo destaque – e como representatividade é uma feliz palavra de ordem da atualidade, o destaque para a mulher negra também deve se dar nas artes, nas telas, na história do cinema.
A atriz Josephine Baker © Wikimedia Commons
A história das mulheres negras dentro do cinema – seja na frente, seja atrás das câmeras – é a história de Josephine Baker, a primeira atriz de Hollywood a estrelar um longa metragem, com ‘La Sirène des tropiques’, filme mudo de 1927; é também a história de Hattie McDaniel, a primeira atriz negra a ganhar o ‘Oscar’, por sua atuação em ‘…E O Vento Levou’, em 1940, ou de Tressie Souders, que em 1922 escreveu e dirigiu ‘A Woman’s Error’ para se tornar a primeira mulher negra a dirigir um filme em Hollywood.
Hattie McDaniel em cena de …E O Vento Levou © Reprodução
Por aqui, a história se inscreve através do nome da grande Ruth de Souza, dama do teatro, do cinema e da TV e primeira atriz brasileira a ser indicada a um prêmio internacional de cinema, ao ‘Leão de Ouro’ no ‘Festival de Veneza’ por ‘Sinhá Moça’, de 1953, e mais: foi Adélia Sampaio a primeira diretora de ficção negra no Brasil, com ‘Amor Maldito’, filme de 1948 que contava o caso real dos dilemas de uma mulher lésbica com a justiça.
A grande atriz Ruth de Souza © Wikimedia Commons
Se o racismo e o machismo seguem tragicamente pautando boa parte das relações profissionais e simbólicas dentro do cinema de modo geral, na mesma dimensão é a lista de grandes mulheres, verdadeira heroínas, que lutam para girar a roda e mudar o cinema – e, com isso, o mundo – para melhor.
A presença de mulheres na tela, seja qual for a história, é portanto fundamental para tal luta – e nada mais justo que preparar uma lista de filmes dirigidos ou protagonizados por mulheres negras para celebrar a data, e o Hypeness se juntou ao Telecine para tal seleção, que conta uma pequena parte mas celebra o todo da história das mulheres negras na sétima arte.
Dirigido por Lucia Murat em uma produção luso-brasileira, ‘Praça Paris‘ é estrelado pela atriz Grace Passô, que dá vida à personagem Glória, uma ascensorista que procura auxílio da jovem terapeuta Camila para enfrentar sua própria história – de pobreza e violência, tão oposta à privilegiada história da psicóloga. O filme também traz no elenco Joana de Verona vivendo Camila, e Babu Santana.
A vida da adolescente negra Starr Carter, vivida por Amandla Stenberg, é posta do avesso em ‘O Ódio Que Você Semeia‘, quando a jovem se torna a única testemunha do assassinato de seu amigo de infância por policiais brancos, em uma história ao mesmo tempo assombrosa, extraordinária e tragicamente corriqueira, nos EUA e no mundo. O filme foi aclamado pela crítica e recebeu diversos prêmios, com especial destaque à atuação de Stenberg.
Como todos os filmes de Jordan Peele, a narrativa de ‘Nós‘ é ao mesmo tempo direta e metafórica, contando a história de Adelaide, interpretada por Lupita Nyong’o, em uma viagem de verão à praia que se transforma, com a chegada de um misterioso grupo, em uma assustadora perseguição por seus próprios duplos. O filme é um sucesso de crítica e público, e confirmou a importância tanto de Peele quanto de Lupita para o cinema atual.
Clássico romântico do cinema dos anos 1990, ‘O Guarda-Costas‘ foi um dos mais bem sucedidos filmes da década ao contar a história de Rachel Marron, uma estrela da música e do cinema – vivida por Whitney Houston em sua estreia nas telas – que contrata um guarda-costas, vivido por Kevin Costner, para lhe proteger de ameaças que vem sofrendo. A trilha sonora do filme acompanhou o sucesso nas telas, vendendo mais de 45 milhões de cópias em todo o mundo.
Outro clássico do cinema dos anos 1990, ‘Mudança de Hábito‘ consolidou o imenso estrelato de Whoopi Goldberg, comediante que dois anos antes havia estourado no mundo por sua atuação em Ghost, e que nesse filme vive uma cantora de boate que se vê forçada a entrar para um convento de freiras como parte de um programa de proteção à testemunha. Imenso sucesso de público e crítica, o filme é até hoje considerado um dos mais engraçados de sua época.
Clássico do gênero Blaxploitation – movimento cinematográfico estadunidense que nos anos 1970 lançou filmes de ação, violência e estilo pop feitos e protagonizados por artistas negros e tendo a população negra como público alvo -, ‘Foxy Brown‘, estrelado por Pam Grier, conta a história de vingança da personagem que batiza o filme, após ver seu namorado policial ser assassinado por bandidos durante uma operação. Como em todo filme ligado a Blaxploitation, a trilha-sonora em ‘Foxy Brown’ é marcante, assinada por Willie Hutch.
Estrelado pela grande Viola Davis, o filme ‘As Viúvas‘ é dirigido por Steve McQueen e conta a história de um grupo de mulheres que, para pagar uma dívida com um chefe do crime depois que seus maridos, também criminosos, são mortos, decidem cometer um grande assalto. O filme foi aclamado pela crítica, e Viola Davis recebeu uma nomeação de Melhor Atriz no prêmio ‘Bafta’.
Tendo como pano de fundo a questão racial e a luta pelos direitos LGBT no Quênia, país de origem da obra, ‘Rafiki’ é dirigido Wanuri Kahiu e conta a história de Kena e Ziki, duas jovens vividas por Samantha Mugatsia e Sheila Munyiva, que se apaixonam mas se veem diante da necessidade de enfrentar não só os comentários públicos como a própria justiça para poderem simplesmente viver esse amor. O filme foi banido em seu próprio país pela temática, mas se tornou a primeira obra queniana a ser exibida no ‘Festival de Cannes’.
Todos os filmes aqui selecionados estão disponíveis para serem assistidos na plataforma de streaming do Telecine. Essa seleção é parte de uma cinelist intitulada ‘Mulheres Negras‘, da mesma forma que esses filmes são somente uma ínfima parte de uma história maior e fundamental, que contempla a cultura negra, a feminilidade, a história das mulheres negras no Brasil e no mundo, e a mais importante luta social, econômica e cultural do nosso tempo.
Muitas outras listas sob o mesmo tema podem e devem ser formadas: o cinema mostra o mundo da mesma forma que também é parte dele – e por isso a celebração pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, assim como por toda a história da luta das mulheres negras se passa também na grande tela e nas telas de nossas casas.
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