Debate

Técnica se demite após contratação de goleiro Bruno: ‘Pode ser exemplo para alguém?’

30 • 07 • 2020 às 17:18
Atualizada em 30 • 07 • 2020 às 18:26
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.


A técnica de futebol Rose Costa pediu demissão do Rio Branco (AC) após o anúncio da contratação do ex-goleiro Bruno Fernandes, condenado pelo assassinato de Eliza Samúdio, crime cometido para evitar o pagamento de pensão para um de seus filhos.

A treinadora, que comandava o futebol feminino profissional do clube, ficou indignada com o contrato e afirmou que não irá comandar mais a equipe. Além disso, a profissional informou que outras atletas pretendem abandonar o clube o mais rápido possível.

Rose costa trabalha com esporte há mais de 30 anos e não aceitou a decisão da diretoria do Rio Branco

A polêmica contratação do clube acreano já levou também à perda do principal patrocinador da equipe, a rede Arasuper de mercados. Em comunicado oficial, a empresa comunicou que suspendeu o contrato de patrocínio com o clube e que só voltará a patrocinar o time quando Bruno não fazer mais parte do elenco.

Rose contra-argumentou de pronto a tese de ‘ressocialização‘. Para ela, a ressocialização de Bruno envolveria uma nova profissão que não fosse o esporte. Vale lembrar que a posição social de um atleta é de inspiração e idolatria. Bruno cometeu um brutal femincídio e não cumpriu a integridade da pena para qual foi sentenciado. Por isso, Rose saiu indignada.

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“Eu não acredito que a justiça tenha sido feita. Acho, sim, que a ressocialização é importante, mas, será que em sete anos de prisão ele não teve tempo de aprender outro tipo de trabalho?”, afirmou em entrevista ao UOL. Vale relembrar que o Rio Branco não participa de nenhum programa de ressocialização de ex-presidiários em nenhuma parte da estrutura organizacional do clube.

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“Não posso manchar minha história no esporte, até porque, eu sempre digo: nunca será só futebol. É solidariedade e sororidade, também, muito além da prática esportiva. Tenho obrigação de ser um exemplo para as minhas atletas, e esse é o melhor exemplo que posso dar. Estou com a consciência tranquila”, completou Rose.

Agora Rose busca uma nova equipe. Ela trabalha há mais de 30 anos na área de educação física e esportes, e pretende continuar comandando times de futebol feminino. Para ela, a decisão da diretoria – que a duras penas iniciou um projeto de futebol feminino – é de se causar medo.

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“Foi uma revolta geral. As meninas estão aterrorizadas. Elas estão esperando eu decidir para onde eu vou porque elas querem ir comigo. Tinha três anos que o Rio Branco não participava do campeonato feminino, que não prestigiava. Já estávamos treinando a todo vapor, quando fomos pegas de surpresa por essa notícia. É muito contraditório”, afirmou Rose a Época.

Confira o comunicado oficial da treinadora sobre o caso:

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