Ciência

Vírus da gripe com potencial pandêmico detectado no PR não tem indícios de transmissão entre pessoas

13 • 07 • 2020 às 16:09
Atualizada em 13 • 07 • 2020 às 16:11
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

A Fiocruz detectou um caso da Influenza A tipo H1N2 em uma mulher da cidade de Ibiporã (PR). Muitos veículos noticiaram o potencial pandêmico do vírus, mas felizmente, não existem indícios de transmissão entre humanos da doença.

Segundo a Fiocruz, a mulher de 22 anos trabalha em um matadouro de porcos. Essa variante da gripe é comum nos suínos. Apesar de poder ser transmitido dos porcos para os humanos, não existe registro da transmissão entre profissionais da área de alimentos e outras pessoas. A transmissão comunitária seria um alerta para uma epidemia e consequente pandemia. Sem esses indícios, não precisamos ficar (tão) preocupados.

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Essa é uma imagem do vírus influenza A, causador da gripe comum e de suas variações, que podem ter potencial pandêmico

A história é similar a do vírus G8, encontrado por autoridades da China também em trabalhadores da área de suínos. O G8 é uma variação do H1N1, para o qual os seres humanos não tem imunidade observável. Diversos profissionais de matadouros e fazendas foram contaminados pelos porcos, mas não repassaram o vírus para outros seres humanos. Mas os cientistas mantém observação constante para que uma possível transmissão comunitária não se transforme em um surto.

“O vírus identificado no Paraná é caracterizado como uma nova variante porque apresenta configurações genéticas diferentes de outros vírus influenza A (H1N2), incluindo a cepa detectada no Brasil em 2016”, observa Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, também por nota.

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“Essas detecções ocorrem, ao longo dos anos, em diversos países. Não significa que isso vai se transformar em uma pandemia. As medidas de controle são as mesmas para infecções de transmissão respiratória em geral, como lavar as mãos e, em caso de sintomas respiratórios, procurar atendimento médico para fazer análise melhor do quadro clínico”, explica a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC em nota.

O mapeamento constante de vírus e doenças em trabalhadores da indústria da carne é essencial, especialmente pela preocupação com a H1N5, gripe aviária, que pode ter impactos muito mais graves que o novo coronavírus. Vale lembrar que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 70% das novas doenças encontradas em seres humanos estão relacionadas ao consumo excessivo de carne.

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Fotos: Cynthia Goldsmith/CDC


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