A máxima do químico francês Antoine Lavoisier de que na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma originalmente se refere à conservação da massa em uma reação química, mas atualmente, na imortalidade lapidar das grandes frases, explica precisamente o combate ao desperdício e à necessidade de reutilização de materiais – e foi isso que os australianos fizeram com litros e mais litros de cerveja. Por conta da pandemia do novo coronavírus e da quarentena que fechou os bares do país desde março, cerca de 40 mil galões da bebida acabaram estragando na região da cidade de Adelaide, no sul da Austrália: mas ao invés de simplesmente jogar fora toda essa cerveja “choca”, a bebida foi transformada em energia – em biogás.

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Os milhares de galões vencidos pelo fechamento dos bares foram doados para uma usina de tratamento de águas local, onde o biogás é produzido – e transformado em grandes níveis de energia, por conta do alto teor calórico da bebida: capaz de alimentar cerca de 1200 casas em um mês.

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De acordo com os responsáveis pela Glenelg Wastewater Treatment Plant, administrada pelo governo do sul da Austrália, anteriormente cerca de 80% da energia produzida pela usina vinha de lixo orgânico industrial e de tratamento de esgoto e, a partir da cerveja velha dos bares fechados, a produção de energia local alcançou níveis de energia nunca antes produzidos.

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Segundo consta, a adição de cerca de 150 mil litros de cerveja fora da validade semanais à usina geraram o recorde de 355.200 metros cúbicos de biogás no mês de maio, e mais 320.000 metros cúbicos em junho, capaz de alimentar mais de 1.200 casas da região. “Honrosamente nossas sedentos digestores de biogás estão fazendo sua parte ‘enchendo a cara’”, disse Lisa Hannant, gerente sênior de produção e tratamento da usina, com humor. “Com essa dieta horrível, não é surpreendente que produzam tantos gases”, concluiu.

O caminhão de entrega da cerveja © Instagram