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A partir da necessidade de encontrar representações mais diversas em cartas de tarot, o tarólogo paulista Danilo Schwarz, de 29 anos, convidou cinco artistas para recriarem algumas das clássicas ilustrações do baralho original. Do ponto de partida de que a representatividade deveria se manifestar tanto nos desenhos, quanto em quem executaria o trabalho, Danilo — ou “@tarotmecontou“, no Instagram — fez escolhas para incluir pessoas LGBTQIA+, negras e com deficiência no projeto.
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“Acredito que poderiam existir maiores variedades de artes com arquétipos inclusivos para que as pessoas se sintam melhor representadas. Não afeta o jogo, desde que a simbologia não se perca”, explica Danilo, que também é astrólogo, escritor e pós-graduado em Psicanálise.
Responsável por recriar a carta “A Justiça“, o paulista Gustavo Nascimento (“@gstnsc“, no Instagram), de 19 anos, é quadrinista e serígrafo. A vivência negra é considerada uma importante fonte de estudo e de formação de identidade para Gustavo, que também mescla, na própria arte, memórias e questionamentos sobre a falta de afeto e de pertencimento experienciada por pessoas negras e LGBTQIA+.
“Foi instintivo pensar numa criança negre, não gosto da ideia de atribuir gênero a crianças. Me vejo muito na que retratei. Pensar em um imaginário onde uma criança é além de justiça, uma figura de poder foi divertido. Esse trabalho em específico me fez pensar menos como pessoa negre alvo de opressão e mais na possibilidade de novas narrativas”, conta.
Carta original da ‘Justiça’ (à esquerda); releitura feita por Gustavo Nascimento (à direita)
Artista decolonial e ilustradora formada em Design Gráfico, Andy Reis (“@unicorniante“, no Instagram), de 23 anos, costuma dizer que suas obras são como portais que cria para o universo criado por ela. “Universo esse que produzo tecendo narrativas com cores pastéis, dando voz a meu eu na busca por me tornar protagonista da minha própria história, trazendo para o mundo material questões internas que me tornam um ser plural e individual perante a um coletivo, não me resumindo apenas as opressões que sofro enquanto uma mulher negra e pansexual, mas cristalizando questões internas de autoconhecimento, espiritualidade, vulnerabilidade & ancestralidade”, explica.
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Sobre a nova carta de “A Estrela“, ela diz: “Resgatei um dos significados da carta original e alguns símbolos: a água que anteriormente estava sendo derramada de vasos até desembocar no rio ainda carrega o mesmo significado de sentimentos presos, mas que nessa nova narrativa dá a entender que não é necessário jogar fora e sim os compreender e se ouvir, deixar que fluam para fora de si; a expressão da personagem ainda é serena, ela se contorce e dança, indica movimento. Por que quis representá-la assim? Bom, para dançar é necessário autoconhecimento corporal, respeitar seus limites e nessa composição quis cristalizar isso, a relação da personagem consigo em busca por orientação interna, se ouvindo, se conhecendo, se sentindo, em um jornada contínua que requer paciência.”
Carta original da ‘Estrela’ (à esquerda); releitura feita por Andy Reis (à direita)
Ilustrador e designer em São Paulo, o artista Vinicius Meneghin (“@vini.meneghin“, no Instagram), de 26 anos, diz: “Gosto de fazer desenhos fofos e coloridos que trazem um pouco de alegria para as pessoas.”
Sobre a releitura da carta “O Hierofante“, ele explica: “Representa o Hierofante (ou sacerdote), um símbolo que muitas vezes não é visto como inclusivo para pessoas LGBTQ+. Dessa forma, minha ideia foi a de usar a figura de uma Drag Queen na carta pela representatividade que agrega às pessoas LGBTQ+, como um elemento de visibilidade e aceitação. Os elementos do universo com os planetas representando as bandeiras LGBTQ+ mostram que todos ocupamos o mesmo espaço igualmente”.
Carta original do ‘Hierofante’ (à esquerda); releitura feita por Vinicius Meneghin (à direita)
Artista visual e designer de Minas Gerais, Mayara Smith (“@mayarasmith_“, no Instagram), de 23 anos, diz: “Transito entre diversas linguagens no meu trabalho, como pintura, desenho, bordado, quadrinho e arte digital. Minha pesquisa é sobre a construção da identidade da mulher negra afro-brasileira.”
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Sobre a carta da “Imperatriz“, ela explica: “Fiquei super feliz com a carta da Imperatriz, por ser uma figura feminina, que é uma questão tão presente no meu trabalho. Quis retratar ela como uma mulher negra, confiante de si mas que ao mesmo tempo exala amor, carinho e cuidado. Algo simples mas que pode ser negado desde cedo para muitas de nós e que aprendemos a reconstruir todos os dias, seja sozinha ou até entre rede compartilhando vivências com outras mulheres.”
Carta original da ‘Imperatriz’ (à esquerda); releitura feita por Mayara Smith (à direita)
Artista coreano-brasileira e surda oralizada, Ing Lee (“@_inglee“, no Instagram), de 25 anos, trabalha com temáticas sobre identidade, memória e geopolítica leste-asiática.
Sobre a carta dos “Enamorados“, ela explica: “Como filha de pai norte-coreano e mãe brasileira, quis trazer o hibridismo por meio da minha ilustração, mesclando elementos do tarot com do 화투 (hwatu), jogo de cartas coreano. Represento um casal como bonecos tradicionais em roupas de casamento e, acima, uma entidade chamada 자청비 (Jacheongbi), tida como a deusa da terra e do amor, cuja mitologia envolve uma mulher que escolhe desafiar as normas patriarcais vigentes e se veste de homem para poder estudar numa universidade.”
Carta original dos ‘Enamorados’ (à esquerda); releitura feita por Ing Lee (à direita)
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