Um tipo diferente e nunca antes encontrado de buraco negro foi registrado recentemente por astrônomos como uma descoberta científica rara: trata-se de um buraco negro de massa intermediária, que não se encaixa nos dois grupos previamente identificados, com massas em torno de 65 a 120 vezes a massa do sol. A descoberta foi realizada por astrônomos ligados ao Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, um observatório e experimento de física em larga-escala em Washington, nos EUA, em parceria com a Virgo, através de ondas gravitacionais detectadas da formação do buraco negro de massa intermediária.

A primeira imagem revelada de um buraco negro © Wikimedia Commons
Os dois tipos de buracos negros previamente registrados nos anais científicos eram os estelares, que surgem a partir do colapso de estrelas morrendo – com massas comumente entre 5 a 10 vezes a massa solar – e os supermassivos, formados por imensas nuvens de gás, normalmente no centro de galáxias, ou por aglomerações de milhões de estrelas que colapsaram no início do universo – e que possuem massas de milhões ou mesmo bilhões de vezes a massa do sol. A descoberta de última quarta-feira, intitulada GW190521, portanto, reside justamente entre as duas categorias.

A posição das estrelas que colidiram © NASA
Segundo o professor Dr. Karan Jani, da Univesidade de Vanderbilt, o GW190521 se formou pela colisão de dois buracos negros extremamente massivos há cerca de 6 bilhões de anos. A implosão teria emitido “energia equivalente a oito vezes a massa do sol”. Para o pesquisador Frank Ohme, a descoberta é nova, e sugere possibilidades inéditas. “O buraco negro de 85 vezes a massa do sol que é o GW190521 em sua origem o posiciona exatamente no hiato onde não deveria estar. Isso pode querer dizer duas coisas: nosso entendimento sobre a evolução das estrelas é ainda incompleto, ou algo completamente diferente aconteceu aqui”, afirmou. Não por acaso, a descoberta ganhou um apelido e tanto: o buraco negro impossível.
