Ciência

Como o açúcar é o pilar no desenvolvimento de diabetes

26 • 09 • 2020 às 11:51
Atualizada em 27 • 11 • 2020 às 16:22
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

De acordo com a Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia, 40% das pessoas com mais de 65 anos no país têm diabetes, cerca de 2,12 milhões. Somente no Brasil, dados de 2019 apontam que 7,4% da população brasileira é portadora da doença diabetes. Entre a população com mais de 65 anos, o percentual sobe para 23%.

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Mas como o funcionamento do corpo e todas as suas ferramentas programadas podem falhar para que a doença aconteça? São cada vez mais urgentes a necessidade de estudos tanto com o objetivo de entender, em maior profundidade, o funcionamento dos mecanismos moleculares, quanto de desenvolver remédios para controlar os sensores de glicose.

7,4% da população brasileira é portadora da doença diabetes

É exatamente a isso que nosso grupo de pesquisa se dedica há anos na Universidade Complutense de Madrid. Em artigo publicado na BBC, especialistas explicaram os caminhos do corpo para a diabetes e alertam para os cuidados daqueles que são portadores da doença, em tempos de pandemia de covid-19. 

O que acontece dentro do seu corpo: 

Os níveis de glicose (o famigerado açúcar) em nosso sangue sobem em pouco minutos quando comemos algo salgado ou doce – seja um pedaço de pão ou uma bala. Para entendermos exatamente o que acontece, é preciso acompanhar a trajetória do alimento no nosso organismo.

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Minutos depois de ingerirmos um pedaço de pão, por exemplo, ele é digerido pelo estômago e depois levado ao intestino delgado. As células intestinais absorvem os nutrientes que ele continha — entre eles, a glicose — e, como estão em contato direto com o sistema circulatório, imediatamente são jogados na corrente sanguínea.

Como consequência, a concentração de glicose no sangue dispara e é fácil imaginar o que acontece depois, né? O sangue transporta a glicose até os órgãos que necessitam de ‘combustível’. Assim, eles conseguem obter a energia necessária (por meio de uma molécula chamada adenosina trifosfato, também conhecida como ATP) para desempenhar suas funções.

O desenvolvimento de diabetes acontece quando há uma situação de excesso ou déficit de glicose. Daí a importância de que ela esteja em equilíbrio. É o ‘yin e yang‘ da glicose. Para isso, as células requerem um abastecimento permanente de glicose para realizarem suas funções vitais. Esse aporte, contudo, não é contínuo — está limitado à nossa ingestão de alimentos. 

Mas como então garantir que as células recebam açúcar de forma constante sem comer a toda hora? Há detectores celulares espalhados pelo organismo (no fígado, pâncreas, no hipotálamo) que monitoram a disponibilidade de glicose.

A função do fígado:

Quando o nível no sangue está alto (imediatamente após uma refeição, por exemplo), o fígado estoca uma parte do ‘açúcar‘ em forma de glicogênio para que seja consumido assim que o corpo precise — em períodos de jejum ou quando estamos dormindo.

Nesse caso, o glicogênio é reconvertido em glicose e liberado na corrente sanguínea para que seja utilizado pelos órgãos. Mas a missão do fígado não acaba por aí.

Ele também converte o excesso de açúcares em triglicérides (gordura), que serão armazenados no tecido adiposo como reserva de energia. Em momentos de jejum prolongado, os triglicérides são hidrolisados e convertidos em ácidos graxos que ‘viajam‘ pela corrente sanguínea para que sejam degradados (ou oxidados) nas mitocôndrias para produzir energia.

A função do pâncreas:

O pâncreas, por sua vez, também tem um papel muito importante no equilíbrio dos níveis de glicose no sangue. Uma de suas funções é verificar se eles estão em excesso e responder com a secreção de hormônios que tentarão normalizar essas taxas.

O mais conhecido desses hormônios é a insulina, que é liberada quando a glicemia sobe e manda uma ordem contundente às células: “capturem a glicose do sangue e tratem de gastá-la ou armazená-la”. Como consequência, o nível de açúcar no sangue diminui.

Fome, saciedade e obesidade:

No cérebro, o hipotálamo permanece vigilante aos níveis de glicose. Essa área tem a importante função de regular a ingestão de alimentos controlando as sensações de fome e saciedade.

Logo depois das refeições, ele libera uma mensagem de alerta, apontando que já existe glicose suficiente no corpo. Hora de parar de comer. 

Diante do funcionamento de todo esse sistema, quando ingerimos mais comida (nutrientes) do que ‘queimamos’ (gasto energético), o equilíbrio é descompensado e o corpo retira o que pode da corrente sanguínea e ‘fabrica‘ gordura.

Às vezes, o desequilíbrio acontece porque alguma das etapas listadas anteriormente está alterada e a consequência imediata é o ganho de peso. E, se a situação se mantém, a obesidade. 

Se os níveis de glicose se mantêm altos inclusive em períodos de jejum, caracterizando a hiperglicemia, o corpo pode desenvolver o diabetes.

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Foto: Getty Images


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