Sustentabilidade

Extinção de parasitas responsáveis por doenças é má notícia para a natureza, dizem cientistas

11 • 09 • 2020 às 17:30
Atualizada em 11 • 09 • 2020 às 17:31
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

A gente não gosta muito de pensar nos parasitas. Geralmente, fazemos a associação negativa com esses seres vivos e o termo virou até xingamento. Mas a comunidade científica está cada vez mais preocupada com o desaparecimento dessas espécies e como isso pode afetar o planeta.

Estudos recentes mostram que o desaparecimento de diversos ecossistemas está relacionado a tentativa dos seres humanos de eliminar todos os parasitas. Desde funções em produções agrícolas, evitando o uso de agrotóxicos, até a subsistência de peixes no Japão, os parasitas ajudam o planeta a se manter vivo e a nossa tentativa de acabar com eles pode estar prejudicando todo o mundo.

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“Existe uma série de trabalhos científicos nas últimas décadas focados no entendimento do porquê de grande animais estão sendo extintos, e como isso se relaciona com a mudança climática. Mas há uma grande quantidade de plantas e animais que também estão desaparecendo e não fazemos ideia da motivação”, afirma Colin Calson, do departamento de biologia da Universidade de Berkely.

“Uma coisa que aprendemos sobre os parasitas na última década é que eles cumprem papel grande e importante papel em ecossistemas que ignoramos por muitos e muitos anos”, conclui Carson a Smithsonian.

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Um bom exemplo de como eles podem ser importantes é o verme-crina-de-cavalo. Esse bicho entra na cabeça dos grilos no Japão e faz com que os animais se joguem na água. Como eles não sabem nadar, se afogam e viram o principal alimento para a truta japonesa, cuja dieta depende em 60% desse processo.

Agora os cientistas pensam em um plano de 50 anos para redução gradativa dos químicos que buscam eliminar os parasitas do planeta e acreditam que qualquer tentativa de eliminar ou diminuir as populações de parasitas pode ser perigosa para a Terra.

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“Aliás, o hospedeiro nem precisa ser extinto; se sua população for reduzida e sua densidade baixar, o parasita terá dificuldade de se mover para outro e isso significa seu fim. Quando você adiciona o risco primário ao risco secundário, estima-se que uma em cada três espécies de parasitas esteja potencialmente em risco de extinção”, afirmou Skylar Hopkins, professora de Ecologia Aplicada da Universidade Estadual da Carolina do Norte, à BBC.

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