Debate

Mãe naturalista é proibida de ver filho por causa de alimentação vegana e se diz alvo de racismo

08 • 09 • 2020 às 12:13
Atualizada em 08 • 09 • 2020 às 14:47
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Uma mãe está a quase um mês longe do filho por ter escolhido uma alimentação vegana para ele. Nascida no Paraguai, Patrícia Garcia teve seu filho retirado do seu convívio por conta de uma ação movida pelo pai do bebê, que a acusa de maltrato. Mesmo com laudos médicos comprovando o bom estado de saúde do pequeno Sama, que está em fase de amamentação, a Justiça retirou a criança dela. 

Patricia compartilhou momento ao lado de Sama em seu Instagram

– Bela Gil tem foto nua com o filho removida do Instagram e expõe machismo de plataformas

“Estão me julgando por ser naturalista, mas eu não conheço outra vida, cresci e fui criada assim. É uma aculturação ainda, porque me comunico com ele em Guarani”, contou Patrícia em um vídeo no Instagram, com a  cantora e atriz Janamô.

– Britney Spears posa sem maquiagem ‘pela 1ª vez na vida’ em processo de cura de Hollywood

Patricia segue a religião Hare Krishna, que não permite consumo de alimentos de origem animal, escolha que também implementou à alimentação do filho. Para não deixar Sama sem alimento, ela retira o leite por meio de uma máquina diariamente e o leva até o portão da casa em que o filho está morando. A entrega é feita sem contato.

“Era pro meu bebê estar mamando no colo. Ele e eu temos esse direito. Não é nem algo desumano, mas sim inatural. Se essa é natural, deveria ser inviolável”, desabafou. 

– Facebook cita Justiça ao suspender conta de jovem estuprada no Cafe de la Musique

Ainda em relato na rede social, Patricia contou que a ordem de busca que recebeu continha informações falsas e racistas. “No documento, dizia que não tinha feito pré-natal, sendo que tinha e apresentei todas as documentações e exames, mas simplesmente não ouviram e omitiram isso. Além disso, afirmavam que o bebê sofreu vários riscos por ter nascido no Paraguai em uma aldeia indígena”, comentou a mãe sobre o início do caso, que segue em segredo de Justiça.

O pai de Sama é brasileiro e professor na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu, onde Patrícia conquistou uma vaga no mestrado em educação. Os dois se conheceram nessa condição e deram início a um relacionamento. 

– Vereadora ouve ‘cala a boca’ de colega e protesta contra ‘chiliques de barba’ na política

A maternidade solo aconteceu em função do pedido de divórcio por parte dela, que alega abusos psicológicos, morais e patrimoniais por parte do ex-parceiro. 

“Por ser imigrante, por ter tido um parto de forma natural, sem violência, estão me incriminando. Por minha alimentação e crenças, querem apagar meu ser. Isso é uma espécie de tortura psicológica”, disse Patrícia.

Publicidade

Canais Especiais Hypeness