Ciência

Urso-das-cavernas de mais de 22 mil anos é encontrado quase intacto no Ártico

23 • 09 • 2020 às 08:56
Atualizada em 24 • 09 • 2020 às 18:51
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Os Ursos-das-cavernas entraram em extinção há cerca de 15 mil anos, mas se quisermos saber como era tal espécie não é mais preciso recorrer a ossadas ou ilustrações que representem o animal: um exemplar incrivelmente preservado do animal foi encontrado nas Ilhas Lyakhovsky, no extremo norte da Rússia, ainda com boa parte dos dentes, dos órgãos internos e dos tecidos moles, como o focinho, intacta. Análises preliminares realizadas pelos pesquisadores indicam que o animal encontrado tenha entre 22 mil e 39,5 mil anos, e seu excelente estado de preservação só foi possível por conta da grossa camada de solo congelado, conhecida como “permafrost”, onde o animal se encontrava.

© NEFU

A descoberta foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Yakutsk (NEFU), no norte da Rússia, e possui “importância mundial”, segundo comunicado lançado pelos cientistas, por ser o primeiro exemplar da espécie encontrado em tal estado de conservação – antes somente ossadas dos Ursos-das-cavernas haviam sido encontradas. “Essa é a primeira e única descoberta desse tipo: uma carcaça de urso inteira, com os tecidos moles. [O cadáver] está completamente preservado, com todos os órgãos internos no lugar, incluindo o nariz. Anteriormente, apenas crânios e ossos foram encontrados”, afirmou Lena Grigorieva, uma das cientistas envolvidas na descoberta. “Esse achado é de grande importância para todo mundo.”

© NEFU

Os esforços científicos agora se dão na direção de análises mais profundas, a fim de principalmente conseguir amostras do DNA do animal. Para isso, um programa científicos está sendo estabelecido, com o objetivo de mapear a genética celular, molécular e microbiológica da espécie. Os Ursos-das-Cavernas viveram na Eurásia no período Pleistoceno Médio, entre 82 mil e 355 mil anos atrás, e Superior, entre 10 mil e 82 mil anos atrás. Não se sabe com certeza os motivos de sua extinção, ocorrida há cerca de 15 mil anos, mas é provável que tenha ocorrido pela redução de seu habitat natural e mudanças na flora da região durante o fim da última Idade do Gelo.

Representação do Urso-das-cavernas © Wikimedia Commons

A descoberta só foi possível através da ajuda de pastores de renas das Ilhas Lyakhovsky para o acesso local, mas infelizmente o encontro com o exemplar praticamente intacto de um animal pré-histórico é índice de um terrível sintoma: o derretimento da Permafrost, camada de solo congelada que, como o nome sugere, não deveria derreter, como efeito do aquecimento global. É por isso que nos últimos anos, exemplares intactos de espécies como mamutes e leões-das-cavernas vêm sendo encontradas em regiões remotas como a Sibéria.

© NEFU

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