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Ida B. Wells: sufragista negra é homenageada com mosaico gigante em Washington

08 • 10 • 2020 às 18:59
Atualizada em 03 • 11 • 2020 às 18:34
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Jornalista e histórica ativista pelos direitos civis de pessoas negras nos Estados Unidos, Ida B. Wells (1862 – 1931) recebeu um mosaico de 300 metros de comprimento para celebrar o 100º aniversário da emenda que deu a mulheres — não todas, até então — o direito ao voto no país. A homenagem foi patrocinada pela Women’s Suffrage Centennial Commission (Comissão do Centenário do Sufrágio Feminino, em tradução livre) e está exposta na Union Station, em Washington.

Intitulada “Our Story: Portraits of Change” (“Nossa História: Retratos da Mudança”, em tradução livre), a gigante instalação é formada por fotos e cartazes que remetem ao esforço e à luta das sufragistas. “Ida B. Wells foi uma líder do movimento sufragista que lutou para garantir que as mulheres negras não ficassem para trás na campanha pelos direitos das mulheres”, diz a artista britânica Helen Marshall, responsável pela obra, em entrevista ao “My Modern Met“.

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Imagem do mosaico feito em homenagem à Ida B. Wells

Homenagem à Ida B. Wells ocupa 300 metros de comprimento da Union Station, em Washington, EUA

“Embora a luta de Ida tenha acontecido há 100 anos, sua história ainda é proeminente hoje. Sua liderança e coragem representam perfeitamente o espírito do movimento sufragista feminino americano”, completa a artista.

Em 1883, Ida Bell Wells-Barnett — nome completo da ativista — se recusou a deixar o vagão da primeira classe de um trem que ia da cidade de Memphis para Woodstock, no estado norte-americano do Tennessee. A jovem teve a leitura de seu jornal interrompida por um condutor do trem que estava verificando as passagens e a informou que o assento no qual ela estava sentada era destinado apenas a passageiros brancos.

Ida B. Wells se opôs ao pedido do condutor, que sugeriu que ela se realocasse no vagão destinado a fumantes e a pessoas de comportamento turbulento. Mulheres brancas não sofriam esse tipo de abordagem na época, e ela também não se submeteria à tal violência.

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Na autobiografia “Crusade for Justice: The Autobiography of Ida B. Wells”, a jornalista do Mississippi escreve: “Recusei [o pedido], dizendo que o vagão da frente [mais próximo da locomotiva] era para fumantes, e, como eu estava no vagão feminino, propus ficar. [O condutor] tentou me arrastar para fora do assento, mas, no momento em que ele segurou meu braço, prendi meus dentes nas costas de sua mão.”

Ela continua: “Eu tinha apoiado meus pés contra o assento da frente e estava segurando [o encosto para] as costas, e, como ele já havia sido mordido gravemente, não tentou [me retirar] novamente sozinho. Ele foi em frente e chamou o bagageiro e outro homem para ajudá-lo, e, claro, eles conseguiram me arrastar para fora.”

O caso foi parar no tribunal e Wells ganhou um acordo de US$ 500, o que equivale a certa de US$ 13.000 hoje. O ato foi muito marcante, e, junto a outras formas de luta e revolta, fez de Ida um grande símbolo do movimento sufragista das mulheres negras norte-americanas.

Imagem mais próxima das fotos e cartazes que formam a homenagem 'Our Story: Portraits of Change'

Fotos e cartazes formam a homenagem ‘Our Story: Portraits of Change’

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