Inovação

Pesquisador desenvolve caixão ecológico que transforma seu corpo em adubo em 3 anos

05 • 10 • 2020 às 11:10 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se procuramos propósito para nossas vidas, a startup holandesa Loop encontrou um sentido para o que há após a morte – e não estamos falando de espírito ou outras transcendências metafísicas: o serviço oferecido pela empresa é de transformar nossos corpos, depois de mortos e enterrados, mais rapidamente e de forma mais saudável em adubo. A ideia é “alimentar a Terra com nossos nutrientes e se tornar uma fonte valiosa de nova vida a florescer” e, para isso, a Loop criou caixões feitos a partir de um composto que mistura madeira e fungos, acelerando assim o processo de decomposição e ajudando a natureza a conseguir seus nutrientes de forma mais rápida e efetiva.

O Loop Living Cocoon foi desenvolvido pelo pesquisador holandês Bob Hendrikx, da universidade Delft University of Technology como um caixão eco-friendly feito da fibra do Micélio, a parte vegetativa de um fungo colônia bacteriana. O projeto visa remover o que há de tóxico nos caixões tradicionais para oferecer condições melhores, mais eficazes e saudáveis para a flora florescer.

O caixão da Loop é, afinal, feito de material vivo, com uma superfície de musgo, raízes de plantar e um grande número de microrganismos trabalhando para a decomposição – que normalmente leva até 12 anos. Com o uso dos serviços da Loop, esse período seria reduzido, garantem, para entre 2 a 3 anos, e praticamente sem toxinas devolvidas à natureza.

O uso do micélio como matéria prima para substituição de materiais poluentes vem se afirmando nas mais variadas frentes – até mesmo para a fabricação de trajes e outros instrumentos para viagens espaciais. Segundo consta, sua resistência, sua capacidade reprodutiva e sua abundância são os principais fatores de tal pesquisa. No caso dos caixões da Loop, tais possibilidades de uso ganham propósitos ainda mais profundos, ao oferecer vida eterna aos nossos corpos – não através de um paraíso ou outro lugar místico, mas sim aqui, no próprio planeta, como composto natural capaz de oferecer continuidade para a vida na Terra.

O preço, no entanto, ainda não é nada sustentável: segundo o site, cada caixão custa 1.495 libras – equivalente a quase 11 mil reais.

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© fotos: Loop/divulgação


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