Debate

Russomano diz que população de rua pode ser mais resistente à Covid-19 por não tomar banho

14 • 10 • 2020 às 12:57 Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Durante encontro da Associação Comercial de São Paulo, o deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), disse que moradores de rua e usuários de droga da Cracolândia podem ser “mais resistentes do que a gente” à covid-19 pelo fato de “não tomarem banho”

Segundo ele, essas pessoas “convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho”. No evento, Russomanno ouviu empresários do setor de comércio e criticou a maneira como Bruno Covas e João Dória, ambos do PSDB, conduziram o combate à pandemia. 

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O candidato, que tem se colocado como aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na capital paulista, culpou os tucanos por aumento do desemprego e quebra de empresas e disse que, no início da pandemia, devia ter sido feito o isolamento vertical, onde só idosos e pessoas com comorbidades fazem o distanciamento social.

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“Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi pré-estabelecido pela OMS. E eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias, etc e tal”, afirmou.

Porém, as mortes pela covid-19 em São Paulo mostram que a declaração de Russomanno é equivocada: em quatro meses, os 20 distritos mais pobres de São Paulo acumularam mais que o dobro das mortes do que as registradas nos 20 distritos mais ricos.

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De 17 de abril a 16 de agosto, o número de óbitos nos bairros mais pobres aumentou 9,7 vezes, de 474 para 4.600 (ou 870,5%). Já nas regiões ricas, o total de mortes subiu de 312 para 2.137, o equivale a um aumento de 584,9% (6,8 vezes mais óbitos ao fim do período). Os dados foram disponibilizados pela Secretaria Municipal da Saúde.

Não há um único estudo científico que faça ligação entre excesso de banho à maior prevalência da doença, nem no Brasil, nem no mundo. Diferente do que diz Russomanno, o que especialistas indicam é tomar banho e trocar as roupas sempre que alguém passa por aglomerações para evitar a transmissão do vírus em casa.

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