Ainda que as queimadas no Pantanal nesse momento estejam transformando esse que é o maior bioma alagado do mundo em um irreversível cenário desértico, muita gente no Brasil e no mundo parece decidida a não notar, se importar ou mesmo querer acreditar nesse triste fato. É nesse perigoso hiato da ignorância que entra em cena (e nos ouvidos) o projeto “Sons do Pantanal” – uma espécie de meditação às avessas, guiada através de um vídeo de 15 minutos que denuncia as queimadas atuais e suas consequências através sons e imagens.
O propósito dessa espécie de anti-meditação é de fato provocar o contrário do relaxamento e do bem-estar que uma meditação comum costuma oferecer – mantendo o ouvinte consciente e levado pela tragédia que ocorre nesse momento no Pantanal. A reflexão vai além: ao longo dos 15 minutos de duração do vídeo.
Aproximadamente 1 milhão de metros quadrados são queimados na média de incêndios desse ano – a maior já registrada na série histórica.
“Durante a meditação, ao invés de relaxar, a intenção do Sons do Pantanal é incomodar, deixar um questionamento sobre o quanto o Pantanal e todas nossas vegetações nativas têm sofrido com queimadas e desmatamentos ilegais”, afirmou o publicitário Lucas Santos, um dos idealizadores dos “Sons do Pantanal”. “Nosso objetivo foi, realmente, abrir os olhos de quem acha que está tudo bem”, concluiu. O projeto também possui um perfil no Instagram, que não só divulga o vídeo como também informa sobre a dimensão e os efeitos da queimada que assolam a região centro-oeste do Brasil nesse momento.
Escritor, jornalista e músico, doutorando em literatura pela PUC-Rio, publica artigos, ensaios e reportagens. É autor dos livros Tudo Que Não é Cavalo, Boca Aberta, Só o Sol Sabe Sair de Cena e Dólar e outros amores.