Arte

Artista transforma tanques de guerra abandonados em Cabul em obras de arte

05 • 11 • 2020 às 17:05 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Na capital do Afeganistão, o que era instrumento de destruição e ruína vem sendo transformado em símbolo de construção e mesmo esperança pelas mãos de uma artista. Para a pintora iraniana Neda Taiyebi, os tantos tanques de guerra abandonados pelas ruas de Cabul deixaram de ser símbolos do horror para se tornarem telas em branco – nas quais ela pinta motivos coloridos, cheios de frutas, flores e belos padrões geométricos, como se com isso pintasse outro futuro para o país.

Cobertos por arte, cor e vida, os tanques passam a mais se parecerem com brinquedos para crianças do que máquinas de guerra e morte.

A intenção de Taiyebi ao seu mudar de Teerã para Cabul em 2015 era fundar uma revista de arte na cidade, mas as oportunidades para tal empreendimento eram escassas, ao mesmo tempo em que as marcas das guerras por toda a cidade – assim como as carcaças abandonadas dos tanques – eram vastas. No lugar de uma revista, ela decidiu por alterar a própria paisagem da cidade em que passava a viver.

“Em Cabul, é impossível encontrar um lugar para sentar e simplesmente curtir a vista, para o deleite de seus olhos”, ela diz. Foi assim que surgiu a ideia para cobrir de belezas os tanques que tanto cansavam sua visão.

A artista em meio a crianças afegãs

Apesar da evidente camada política que há em seu trabalho, Taiyebi garante não ser uma ‘ativista‘ ou uma ‘voz dos oprimidos‘, e que seu propósito é essencialmente prático: por praticamente não existirem lugares para as crianças brincarem em Cabul, ela decidiu oferecer seu trabalho a fim de tornar as ruínas de guerra em parques para a molecada se divertir.

Naturalmente que com isso essas mesmas crianças ganham também um espaço lúdico, para poderem imaginar um futuro melhor e mais esperançoso – e não há sentido político maior e mais eficaz para uma obra-de-arte do que esse.

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© fotos: Neda Taiyebi/Divulgação


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