Em depoimento para a polícia do Rio Grande do Sul obtido pelo UOL, um ex-fiscal do Carrefour onde aconteceu o assassinato de João Alberto Silveira Freitas afirmou que a violência era comum em caso de ‘problemas‘.
A declaração do homem, que se refere ao episódio bárbaro de racismo em que um cidadão negro, Beto Freitas, de 40 anos, foi linchado e assassinado por Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva – dois seguranças do Carrefour em Porto Alegre – , coloca o discurso da rede francesa em xeque.
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Sala de interrogatório
Segundo o ex-fiscal, era comum, na loja em que Beto Freitas foi morto de forma bárbara e impiedosa pelos seguranças Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, que suspeitos de furtos fossem levados a uma sala de interrogatório dentro do estabelecimento. Ele revelou ainda a naturalidade com que funcionários do Carrefour forçavam suspeitos a confessarem pequenos furtos.
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Ele adicionou ainda que prática de violência era vista como normal dentro do Carrefour e que a gerência endossava repressão e agressão contra casos de pequenos furtos ou desentendimentos. O depoimento coloca o Carrefour em posição delicada sobre a morte de João Alberto, tendo em vista que a empresa francesa delegou a responsabilidade do caso à empresa de segurança terceirizada, o Grupo Vector.
O ex-fiscal disse que “era comum, ao desconfiarem de algum furto de bens, serem tomadas providências sob a orientação da gerência da segurança e da líder da loja que na época que o declarante trabalhava era a sra Adriana”, diz trecho do depoimento obtido pelo UOL. Adriana Alves Dutra era a gerente de loja que foi conivente com o espancamento de João Alberto.

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O homem ainda sublinhou ser “usual a prática dos seguranças do local de imobilizar suspeitos e levar até a referida sala para que nada fosse gravado pelo sistema de segurança”.
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O Carrefour, pelo menos até o momento, não apresentou nada de relevante sobre uma cena bárbara contra um homem negro em pleno Dia da Consciência Negra.
Além de constante pedidos de desculpa, o grupo francês disse que “atua apenas com empresas homologadas pela Polícia Federal e exige de todos os seus fornecedores o cumprimento de seu Código de Conduta, que norteia quanto aos protocolos exigidos pela empresa”, e adiciona que “que realiza periódicas auditorias junto às empresas terceiras, treinamentos com todos os profissionais que atuam na área, abrangendo a valorização da diversidade. A empresa reitera que qualquer atuação em desacordo com os padrões estabelecidos é rigorosamente investigados e punidos, de acordo com o caso”.

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