Criatividade

‘História no Paint’: como a página ensina história por meio de memes

18 • 11 • 2020 às 10:34 Bárbara Martins
Bárbara Martins   Repórter Criada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é jornalista, fotógrafa e videomaker. Envolvida pela cultura, história e arte de subúrbios e periferias, dedicou pouco mais de dois anos à cobertura de pautas relacionadas à música como redatora do site Reverb, antigo parceiro do Rock in Rio. Em formação pela UFRJ, também tem experiência com produção de conteúdo para redes sociais, assessoria de imprensa e gravação de sessions e entrevistas.

Trabalhar temas históricos por meio de memes é só um dos objetivos da página “História no Paint“, criada pelo estudante Leandro Marin, de 24 anos, que cursa Licenciatura em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Fundado em 2016 depois do contato de Leandro com aulas online didáticas e mais informais que as tradicionais, o projeto soma, hoje, mais de 320 mil seguidores no Twitter, mais de 250 mil no Instagram e coleciona mais de 750 mil curtidas no Facebook.

– ‘Funkeiros Cults’ une literatura a referências musicais e linguísticas da periferia

Com memes sobre História do Brasil e do mundo utilizados por professores em salas de aula desde o ensino fundamental até o doutorado, o conteúdo dos perfis do “História no Paint” nas redes sociais consegue dialogar com diferentes níveis de conhecimento por meio de linguagens simples e descontraídas.

Nascido em Duque de Caxias e morador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Leandro conta, em entrevista ao Hypeness, que foi durante aulas de pré-vestibular com estruturas mais flexíveis que ele passou a ter ainda mais interesse pelas disciplinas.

“Os professores eram muito bons e explicavam a matéria de um jeito que eu nunca imaginei que fosse possível”, explica o estudante. “Isso me fez ter uma grande aproximação com os estudos.”

Segundo ele, a ideia para o projeto nas redes sociais surgiu antes mesmo da faculdade. “Como os professores estavam sempre fazendo piadas com as matérias, eu comecei a fazer também, só que com memes. Eu mandava nos chats/grupos do cursinho e os alunos morriam de rir, os professores também”, diz.

São vários [propósitos do projeto]. [Um deles é] mostrar para adolescentes e crianças que a História não é algo chato, pelo contrário; está cheia de acontecimentos que mais parecem memes.

“Eu comecei a mandar pra amigos, e eles sempre me diziam que era pra eu criar alguma coisa pra postar essas criações”, continua Leandro, que utilizava o software de edição Paint para fazer as primeiras montagens da página sobre História.

“Tudo começou como zoeira e, de pouco em pouco, foi se transformado em algo que eu nunca imaginei”, conta o rapaz.

“Quando eu percebi, a página estava com 200.000 seguidores e com professores do Brasil inteiro me mandando fotos usando os memes em slides, provas, [e alunos usando como] objeto de TCC, mestrado, doutorado.”

Memes do ‘História no Paint’ durante aula (à esquerda) e em um livro didático (à direita) / Fotos: Acervo pessoal

Para Leandro, a História pode ser divertida, e os memes podem ser uma boa porta de entrada para o aprendizado. De acordo com ele, o “História no Paint” tem uma diversos propósitos aliados à educação e os memes são apenas uma das frentes.

São vários [propósitos do projeto]. [Um deles é] mostrar para os adolescentes e crianças que a História não é algo chato, pelo contrário; está cheia de acontecimentos que mais parecem memes, e, em especifico, mostrar que a História do Brasil é muito divertida também”, diz o estudante.

Por outro lado, Leandro também se esforça para chamar atenção com seriedade ao abordar temas mais sensíveis. “Além de mostrar que a História é divertida, também [procuro] mostrar que ela é trágica: [ao falar sobre] massacre de índios, escravidão, etc”, explica.

“Além disso, meu propósito é estimular a Academia a ter uma linguagem mais informal com a sociedade civil”, continua ele. “Para você conseguir se comunicar com as pessoas na internet, é preciso entender sua própria linguagem.”

Não podemos mais deixar esses espaços sem serem ocupados, pois, se eles estiverem vazios, alguém vai ocupar dizendo coisas absurdas como: ‘nazismo é um movimento de esquerda’.

O “História no Paint” conquista grande parte dos seguidores através dos memes, mas também consegue abordar temas acadêmicos em formatos diferentes, como resenhas de documentários e de livros.

Para realizar o trabalho, Leandro conta com a ajuda da namorada Patrícia Vougo, que é estudante de Jornalismo e cuida da avaliação do conteúdo das redes sociais, repercussão, fechamento de parcerias e elaboração de projetos com empresas.

Não só presente no Twitter (@HistoriaNoPaint), Instagram (@historianopaintoficial) e Facebook (História no Paint), o projeto também se desenrolou em um podcast chamado “História No Cast“. O mais ouvido sobre o assunto no Brasil, o programa em áudo é realizado com o apoio pedagógico de Igor Ribeiro, Idevarte Aredes e Diego Neves, todos amigos de Leandro.

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Fotos: Acervo pessoal/Leandro Marin


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