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A designer que inventa ‘Bandas Que Não Existem’

23 • 12 • 2020 às 14:19
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 16:54
Bárbara Martins
Bárbara Martins   Repórter Criada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é jornalista, fotógrafa e videomaker. Envolvida pela cultura, história e arte de subúrbios e periferias, dedicou pouco mais de dois anos à cobertura de pautas relacionadas à música como redatora do site Reverb, antigo parceiro do Rock in Rio. Em formação pela UFRJ, também tem experiência com produção de conteúdo para redes sociais, assessoria de imprensa e gravação de sessions e entrevistas.

“Quem se depara com os shows do Taiwan Que Dança, ironicamente, não consegue se mover. O pop-trágico (forma que eles definem seu som) te pega pelos pés e te mantém inerte enquanto as luzes neon piscam no ritmo dos sintetizadores”. Essa descrição pode até parecer de uma banda real, mas na verdade é uma das criações da designer paulistana Anna Brandão para seu projeto @bandasquenaoexistem: uma conta no Instagram cheia de capas e perfis imaginários de artistas inventados.

Além de apaixonada por música, Anna, de 22 anos, é designer, tatuadora e ilustradora. “Sempre tive essa necessidade de mostrar as coisas, de me expor, de expor o que eu estava sentindo”, ela conta, em entrevista ao Reverb. Foi então que, em 2013, ela e alguns amigos criaram a página de ilustrações e textos “Desenhos óbvios por pessoas clichês”, que alcançou mais de 166 mil likes no Facebook e foi o empurrão para a jovem artista começar a compartilhar as próprias criações.

A ideia para o “Bandas que não existem” surgiu fevereiro de 2018, quando Anna percebeu que ficou conhecida por suas pinturas digitais e tatuagens, mas que não era associada a outros tipos de trabalhos gráficos, como, por exemplo, criação e concepção de capas de álbuns musicais. “É um trabalho que eu acho massa: criar a identidade visual banda inteira”, ela explica. E foi aí que bateu: “É isso, eu quero trabalhar com bandas”.

Com o projeto, Anna estuda e treina diversos tipos de linguagem, graças à liberdade criativa de ser a própria “cliente”. “As inspirações geralmente vêm das coisas que eu ouço, mas eu estou tentando ir na contramão disso, porque eu não gostaria de entrar numa bolha de fazer capa só de banda no estilo que eu curto”, diz ela, fã de lofi hip hopshoegaze e surf rock.

Por isso, Anna quer fazer de tudo: de capa de CD de dupla sertaneja à identidade visual de grupos de heavy metal. “Quero muito experimentar esses lados”, ela diz. De trabalhos para bandas nacionais (de verdade), Anna fez as capas dos álbuns “Dive”, dos mineiros da Miêta, “Marambaia”, das paulistas da Marujos, “Gatos Voadores e uma Corrida de Capivaras“, das cariocas da Unicórnio Maravilha e “Debute”, dos também cariocas da Ventilador de Teto.

Ah, e se você gosta de historinhas de músicos, vai amar as descrições das tais bandas, como Cenoura em Lata e Läpro, e dos discos que não existem, como “Canetas Bic e Outras Decepções”, “Pop Clichê Que Se Acha Conceitual” e “VSF”. São t-o-d-a-s criadas por Anna para acompanhar suas artes imaginárias. Uma artista é uma artista, não é mesmo?

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